"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 1 de outubro de 2016

COMO A PETROBRAS É GRANDE, O ATUAL GOVERNO JÁ DECIDIU REDUZI-LA À METADE

Charge do Paixão, reproduzida da Gazeta do Povo


Nos idos dos anos 80, quando a cultura de baias corporativas ainda não existia e as pessoas trabalhavam em pequenas salas, normalmente com um ou dois funcionários, existia na Petrobras uma “senha” para entrar na sala de um colega. O visitante batia na porta e dizia: “A Petrobras é grande”, ao que o dono da sala, se disponível, respondia: “Vamos fazê-la maior”.

Hoje é o oposto. Dentro das salas privativas, que agora são exclusividade de gerentes, só são bem-vindos os vendedores, os que cancelam projetos e os que não questionam a míngua dos investimentos e recursos.

Também pudera: após a conclusão do atual plano de privatização (ou no neologismo: desinvestimento), que venderá um total de 34 bilhões de dólares, só restará metade da empresa e, vamos todos torcer, uma dívida pagável. Hoje se tem uma empresa e uma dívida impagável. E o governo que salva bancos como o Panamericano ou o Votorantim não considera a possibilidade de salvar a maior empresa do país.

ORIGEM DA DÍVIDA – Parte da dívida se origina de superfaturamentos, outra parte em negócios que deram errado por planejamento megalomaníaco, outra parte, descobriu-se recentemente, foi simplesmente transferida para empresas privadas sem que houvesse contrapartida alguma em produtos ou serviços. O esquema de propinas atinge empresas brasileiras, como OAS e Odebrecht, e estrangeiras, como a SBM e Mitsui Steel.

Mas não se deve esquecer da última parte da dívida: a que foi contraída para executar projetos que deram certo: as vaquinhas que hoje garantem o leite.

VENDENDO O FILÉ – Fragilizada no momento, obviamente a Petrobras agora se obriga a vender os projetos que deram certo, suas vacas leiteiras, pois os capengas, ninguém quer. E assim a Petrobras vende a malha de gasodutos do Sudeste, por onde escoa com exclusividade de 60 a 80% de toda a produção e do consumo brasileiro. A canadense Brookfield pagará 4 bilhões de dólares pelos dutos. Foi divulgado 5 bilhões, mas o último bilhão levará 5 anos para ser pago, e neste período a própria Petrobras terá pago bilhões para a Brookfield transportar seu gás, então é como se esse bilhão nem existisse.

Além dos dutos, foram vendidas as distribuidoras de gás nos estados, para os japoneses da Mitsui (que também foi envolvida nas propinas das construções das sondas, como sócia das empreiteiras), por 700 milhões de dólares (que a Mitsui tem prontamente disponível, pois a própria Petrobras pagou fortunas superfaturadas pelos navios que a empresa construiu com ajuda das empreiteiras).

CAMPOS DE PRODUÇÃO – Na parte da exploração e produção,foi vendido o campo de Carcará para a norueguesa Statoil, sem o risco exploratório (mas ainda com risco de produção) por 1 bilhão de dólares (novamente, são noticiados 2 bilhões, mas a segunda metade só será paga daqui a anos – o que para um devedor feito Petrobras é mesma coisa que nada). Circula o comentário (correto) DE que cada barril de óleo foi vendido ao preço de uma latinha de coca-cola: 1 dólar.

Para completar, foram vendidos os ativos da Argentina e Chile. Entraram 1,2 bilhões de dólares e foram as vendas mais sensatas (sem analisar em detalhes os valores).

LA VAÍ A BR… – Na reta das próximas vendas está a BR distribuidora, que, de tão importante, representa o logotipo da Petrobras. O clássico “BR” verde e amarelo, visto de longe nas ruas e rodovias, mostra a onipresença do Estado brasileiro em todos os rincões deste continental país, mas isso vai acabar.

A compradora paga até US$ 10 bilhões, mas tem condições: ela quer mandar totalmente na empresa e quer usar o seu logotipo, e não o da BR, nos postos. A Shell é uma das que almejam a jóia da coroa.

Mas quem se interessa?



01 de outubro de 2016
Carlos Newton

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