"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 1 de outubro de 2016

BAIANO CONFIRMA DENÚNCIA CONTRA FILHO DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

DELATOR RELATA 'ORDEM SUPERIOR' PARA BENEFICIAR EMPRESA LIGADA A PAULO HENRIQUE

FERNANDO BAIANO, APONTADO COMO OPERADOR DE PROPINAS DO PMDB, DISSE À FORÇA-TAREFA QUE COM ESTE EPISÓDIO, SUPOSTAMENTE OCORRIDO EM 2000, 'COMEÇOU A ENTENDER COMO AS COISAS FUNCIONAVAM' NA PETROBRÁS (FOTO: REPRODUÇÃO)

Mais um delator da Lava Jato relatou aos investigadores que a Petrobrás teria recebido ‘ordem superior’ para beneficiar uma empresa ligada ao filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na Petrobrás.

Em depoimento à força-tarefa que foi anexado à ação penal da Lava Jato contra o ex-presidente Lula, o lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano – suposto operador de propinas do PMDB –, contou que foi com este episódio, ocorrido no ano 2000, que ele começou a entender ‘como as coisas funcionavam’ na estatal petrolífera.

O caso envolvendo a associação da PRS Energia com a Petrobrás para gerir a Termorio, maior termoelétrica a gás do Brasil, construída pela multinacional francesa Alstom e que custou US$ 715 milhões, já foi relatado pelo ex-diretor Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró em sua delação.

A história foi rechaçada por FHC e seu filho, e também por Felipe Reichstul, presidente da Petrobrás na época.

Na ocasião, representante do Brasil da espanhola Union Fenosa, Fernando Baiano contou que quase chegou a fechar o negócio de interesse da empresa com a Petrobrás, inclusive levando o presidente e um diretor da companhia para firmar o acordo na estatal petrolífera.

O lobista conta, então, que foi surpreendido por Cerveró e pelo ex-líder do Governo no Senado Delcídio Amaral (ex-PT/MS), na época diretor de Gás e Energia da estatal por indicação de FHC e atualmente delator na Lava Jato também, durante essa reunião na estatal.

“Me chamaram (Nestor Cerveró e Luís Carlos Moreira, então gerente da diretoria) e falaram ‘a gente está com problema, não vamos poder assinar esse memorando de entendimento'”, disse Baiano.

O lobista relatou que, ao cobrar explicações sobre a decisão da Petrobrás de não fechar o negócio com a Union Fenosa, teria ouvido sobre a existência de uma ‘ordem superior’, que lhe foi explicada por Delcídio.

“Depois (que Cerveró comentou sobre a ‘ordem superior’) chegou o diretor Delcídio dizendo que tinha recebido uma ordem superior para assinar com um fundo americano, que esse fundo que ia ser sócio, era uma empresa americana e um fundo americano que estariam entrando no negócio”, relatou Baiano.

“Pô, mas os caras vieram aqui para isso o que está acontecendo?”, teria indagado Fernando Baiano.

“É ordem de cima lá da presidência (da Petrobrás) porque quem representa esses dois grupos aí é o filho do presidente Fernando Henrique”, disse Delcídio, segundo o lobista.

Na versão de Cerveró, Paulo Henrique Cardoso, filho de FHC, era o sócio da PRS Energia, que acabou se associando à Petrobrás no negócio e vendendo sua participação de 7% na Termorio para a estatal em 2003 pelo valor na época de US$ 19 milhões.

Segundo o ex-diretor da Petrobrás, Paulo Henrique Cardoso ocupava, inclusive, cargo de diretor na PRS para ‘pressionar o negócio’.

“O Paulo Henrique Cardoso era um dos diretores, ele foi colocado ali como elemento de pressão, não sabia nem o que era uma termelétrica”, afirmou Cerveró em seu depoimento.

Na versão de Fernando Baiano, contudo, o filho do ex-presidente seria o representante de um fundo e uma empresa americanos que o delator não nomeia. 
“A partir daí, eu comecei a entender mais ou menos como as coisas funcionavam na Petrobrás, ou seja ali tudo tem uma indicação”, contou o lobista.

Ele disse, ainda, que no começo atuava apenas como representante de empresas na estatal e só passou a operar propinas com o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, nomeado para o cargo em 2004, no primeiro mandato do governo Lula, por influência do PP.

Quando veio à tona a delação de Cerveró, Paulo Henrique Cardoso afirmou, por meio de sua assessoria de empresa, que não conhece e nem possui qualquer relação com a PRS Energia.

Em relação à versão de Baiano, ele afirmou ser ‘fantasiosa’ e que nunca representou nenhum fundo americano.

A reportagem entrou em contato via e-mail com a defesa de Cerveró para comentar o caso, e a advogada do ex-diretor, Alessi Brandão afirmou que não há “nenhuma discrepância” entre os dois depoimentos.

A defesa de Delcídio não foi localizada para comentar o episódio. (AE)



01 de outubro de 2016
diário do poder

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