"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

A HORA DO SILÊNCIO

Divulgada ontem, a entrevista de Dilma Rousseff concedida à “Folha de S. Paulo” na quarta-feira da semana passada deixou claro que Madame não vai bem. 
De ex-presidentes, ou quase isso, só Jânio Quadros deu tantas provas de desequilíbrio. Ela declarou que “o partido de Temer pretendia, ao assumir o governo, barrar a Operação Lava Jato”. 
Mais ainda: que Romero Jucá tentou delimitar as investigações. Incluiu Renan Calheiros na trama, esquecendo-se que 367 deputados e 55 senadores votaram as preliminares de seu impeachment. 
Negou haver cometido crime de responsabilidade e prometeu retornar ao poder, porque vários senadores que votaram pela seu afastamento apenas admitiram a admissibilidade da iniciativa.

Estaria a já quase ex-presidenta dissociada de suas faculdades? Primeiro, por haver desaprendido as quatro operações; depois, por não saber chorar, como se vangloria.

Melhor teria feito se ficasse restrita às suas bicicletas, poupando críticas e diatribes ao Congresso e aos políticos dos quais se tornou desafeto. Em especial Michel Temer, que age no sentido oposto. Até agora não acusou a antecessora por traição.

Aguarda-se a defesa de Madame, em elaboração pelo seu antigo ministro da Justiça. Caso insista na tese de haver sido apunhalada pelas costas, arrisca-se até a perder mais senadores, no confronto final. 
É precisamente o que deseja o novo governo. Fica evidente que mais entrevistas significarão menos chances de retornar. Quase nulas. A hora, para a presidente afastada, seria de silêncio ostensivo. Entrevistas, só com senadores propensos a mudar de voto. Dois ou três bastariam...


30 de maio de 2016
Carlos Chagas

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