Vergonha maior ainda não se tinha visto. Decidiu a presidente Dilma demitir ministros e altos funcionários do PMDB dispostos a seguir as determinações do partido, de se desligar do governo. Por enquanto a guilhotina vem sendo acionada devagar, ainda que cabeças já comecem a rolar. Troca-se a eficiência administrativa por votos contrários ao impeachment de Madame. Um ministro vale pelo número de deputados que controla para votar com o governo, não pelos projetos que executa ou as obras que promove. A recíproca também é verdadeira: se o ministro se nega a aliciar deputados para a garantia da permanência da presidente no palácio do Planalto, é mandado embora. Mais fácil ainda se torna remanejar os funcionários do segundo escalão para baixo.
Assistimos a uma operação de compra e venda, sem o menor pudor. O objetivo da administração federal deixou de ser aprimorar a ação da máquina estatal, passando à tentativa de deixar que tudo continue como sempre em termos de subserviência dos ministros.
Impedir a aprovação do afastamento da presidente virou objetivo maior e fundamental, pouco importando o desempenho de seu governo.
UM PAÍS RACHADO
A divisão das manifestações populares em duas metades inconciliáveis não dará bom resultado. Pelo contrário, revela um país perigosamente desunido e às vésperas da desagregação. Nenhum esforço se faz pela conciliação e cada dia que passa, ou cada passeata que se organiza, demonstram a impossibilidade da união nacional. As peças se confundem no tabuleiro e logo duas forças antagônicas dividirão a partida.
Importa menos se Dilma não conseguirá evitar o impeachment ou se Michel conseguirá um xeque-mate contra a adversária. No final de tudo, um grupo de peões, bispos e torres estarão derrotados, mas outro conglomerado de peças iguais, apenas diferentes no colorido, apresentarão força quase igual, definido o vencedor por um golpe de sorte. Mas um país dividido de alto a baixo.
03 de abril de 2016
Carlos Chagas
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