"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 5 de março de 2016

DIRCEU DECIDE FALAR NA LAVA JATO: "O ZÉ ESTÁ PRONTO PARA RESPONDER TUDO".

Preso há mais de cinco meses em Curitiba, ex-ministro deve falar sobre sua relação com lobistas e a escolha de Renato Duque para a diretoria da Petrobras

Reincidência e maus antecedentes podem aumentar a pena de Dirceu, caso o ex-ministro seja condenado na Lava Jato(Vagner Rosário/VEJA.com)


Preso há 175 dias por suspeitas de embolsar milhões de reais em propina no esquema do petrolão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu decidiu falar. 

Segundo o criminalista Odel Antun, defensor de Dirceu, o petista vai apresentar ao juiz Sergio Moro na sexta-feira sua versão sobre as acusações de que recebeu dinheiro sujo de empreiteiros da Lava Jato e de que lavou os recursos em viagens de jatinho, imóveis e consultorias fictícias. 

Entre os pontos que o próprio Dirceu deve mencionar em seu depoimento estão a tese de que o lobista Milton Pascowitch teria utilizado indevidamente seu nome para comprar um jatinho do também lobista Julio Camargo e a argumentação de que a escolha do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque não passou por suas mãos. 
"O Zé está pronto para responder tudo", disse Antun.

Segundo o Ministério Público, as suspeitas são de que Dirceu, réu pelos crimes de corrupção, crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa, atuava em um dos núcleos do esquema de corrupção na Petrobras para arrecadar propina de empreiteiras por meio de contratos simulados de consultoria com a empresa dele, a JD Consultoria e Assessoria. 
Os indícios nas investigações apontam que o petista recebeu 11,8 milhões de reais em dinheiro sujo, tendo lavado parte dos recursos não só em serviços fictícios de consultoria, mas também na compra e reforma de imóveis para familiares e na simulação de aluguéis de jatinhos.

De acordo com as investigações, o esquema do ex-chefe da Casa Civil na Lava Jato movimentou cerca de 60 milhões de reais em corrupção e 64 milhões de reais em lavagem de dinheiro. 
Ao todo, o MP calcula que houve 129 atos de corrupção ativa e 31 atos de corrupção passiva entre 2004 e 2011, além de 684 atos de lavagem de dinheiro entre 2005 e 2014.

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O nome de José Dirceu foi frequentemente citado por delatores da Lava Jato como o destinatário de propina do esquema criminoso. O lobista Julio Camargo, delator da Operação Lava Jato, voltou a afirmar na sexta-feira que repassou 4 milhões de reais em propina ao ex-ministro da Casa Civil. O dinheiro sujo foi recolhido, segundo Camargo, a mando do ex-gerente de Serviços da Petrobras Renato Duque e pago de forma parcelada: foram 2 milhões de reais entre abril de 2008 e abril de 2009, 1 milhão de reais entre julho e agosto de 2010 e o restante foi pago a partir de uma conta de afretamento de jatinhos que o petista utilizava.

A avaliação dos procuradores que atuam na Operação Lava Jato é a de que Dirceu é um criminoso reincidente, porque praticou crimes depois de o processo do mensalão já ter sido concluído. 
É possível que a Justiça imponha ao petista também o agravante de maus antecedentes, já que, segundo o procurador da República Roberson Pozzobon, ele praticou crimes de corrupção e lavagem de dinheiro pelo menos desde 2006, quando passou a receber dinheiro sujo de empreiteiras. 
A reincidência e os maus antecedentes são fatores considerados pela Justiça para aumentar a pena do suspeito em caso de condenação.

05 de março de 2016

Laryssa Borges de Brasília, VEJA

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