Mais quinze dias e lá se vai 2015, um ano tenebroso na área política, sofrido para a economia, e que acaba quase sem ter começado para o setor produtivo. Vai deixar para a história uma devastação econômica como há muito tempo não se via no Brasil.
Os níveis de destruição de riquezas são assustadores. Os governos perderam receitas, as empresas perderam produção, o país perdeu investimentos e os trabalhadores perderam empregos e salários.
Estimando um PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 5,7 trilhões, a recessão deste ano, que tristemente se aproxima de 4%, significa uma redução de produção de até R$ 230 bilhões em 12 meses.
E quanto perdem os trabalhadores? É uma conta complexa, porque teria de considerar prejuízos de desempregados e também as reduções reais de salários decorrentes da crise. Mas, num cálculo rápido, levando em conta o ano todo e um número de novos desempregados de 1,2 milhão de pessoas, considerado um salário médio de R$ 1.774 (2014), a perda anual alcançaria uns R$ 28 bilhões.
O governo também perde recursos de maneira absurda. Nos 12 meses terminados em agosto, por exemplo, a receita corrente líquida da União somou R$ 656 bilhões, valor inferior ao dos 12 meses imediatamente anteriores, de R$ 676 bilhões. Mas o buraco não é de apenas R$ 20 bilhões. Se tivesse crescido pelo menos para acompanhar a inflação de 10%, o que seria natural, a receita do governo teria totalizado R$ 743 bilhões.
A perda de arrecadação, portanto, se aproxima dos R$ 90 bilhões, recursos que deixaram de fluir para investimentos, saúde, educação etc. E esse estrago se espalha pelo país. Os municípios da bacia de Campos, por exemplo, já perderam 70% dos royalties que arrecadavam com a exploração do petróleo.
A destruição de riqueza foi fulminante para as empresas, principalmente a indústria, cuja produção caiu 7,8% nos primeiros dez meses do ano, uma tendência que se estende para todos os setores.
Avaliadas pelas ações negociadas na Bolsa de São Paulo, as dez maiores empresas industriais brasileiras de capital aberto atingiam US$ 352 bilhões em dezembro de 2013, valor que caiu para US$ 252 bilhões em dezembro de 2014 e para US$ 174 bilhões no início deste mês. As 357 companhias abertas hoje negociadas na Bolsa têm valor de mercado de R$ 1,98 trilhão, quase meio trilhão de reais abaixo do que tinham dois anos atrás.
Esses números todos certamente cansam o leitor. Mas são importantes para mostrar o volume de recursos que o país está desperdiçando com a atual política econômica, que destrói valores e empregos de forma impiedosa. Só a construção civil dispensou 508 mil trabalhadores nos últimos 12 meses.
Os dados oficiais mais recentes sobre a atividade econômica não mostram trégua na recessão. O PIB do terceiro trimestre caiu 1,7% em relação ao trimestre anterior. Se essa taxa for anualizada, um exercício comumente feito na economia americana, a recessão projetada já chega a 7% ao ano.
O ajuste recessivo, acelerado por uma brutal taxa básica de juro, está fora de controle, e a destruição econômica supera as expectativas mais pessimistas. Não dá para aceitar uma situação como essa. Passou da hora de mudar o rumo, mas, lamentavelmente, o país vive um embate político que paralisa todas as decisões.
15 de dezembro de 2015
Benjamin Steinbruch
Os níveis de destruição de riquezas são assustadores. Os governos perderam receitas, as empresas perderam produção, o país perdeu investimentos e os trabalhadores perderam empregos e salários.
Estimando um PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 5,7 trilhões, a recessão deste ano, que tristemente se aproxima de 4%, significa uma redução de produção de até R$ 230 bilhões em 12 meses.
E quanto perdem os trabalhadores? É uma conta complexa, porque teria de considerar prejuízos de desempregados e também as reduções reais de salários decorrentes da crise. Mas, num cálculo rápido, levando em conta o ano todo e um número de novos desempregados de 1,2 milhão de pessoas, considerado um salário médio de R$ 1.774 (2014), a perda anual alcançaria uns R$ 28 bilhões.
O governo também perde recursos de maneira absurda. Nos 12 meses terminados em agosto, por exemplo, a receita corrente líquida da União somou R$ 656 bilhões, valor inferior ao dos 12 meses imediatamente anteriores, de R$ 676 bilhões. Mas o buraco não é de apenas R$ 20 bilhões. Se tivesse crescido pelo menos para acompanhar a inflação de 10%, o que seria natural, a receita do governo teria totalizado R$ 743 bilhões.
A perda de arrecadação, portanto, se aproxima dos R$ 90 bilhões, recursos que deixaram de fluir para investimentos, saúde, educação etc. E esse estrago se espalha pelo país. Os municípios da bacia de Campos, por exemplo, já perderam 70% dos royalties que arrecadavam com a exploração do petróleo.
A destruição de riqueza foi fulminante para as empresas, principalmente a indústria, cuja produção caiu 7,8% nos primeiros dez meses do ano, uma tendência que se estende para todos os setores.
Avaliadas pelas ações negociadas na Bolsa de São Paulo, as dez maiores empresas industriais brasileiras de capital aberto atingiam US$ 352 bilhões em dezembro de 2013, valor que caiu para US$ 252 bilhões em dezembro de 2014 e para US$ 174 bilhões no início deste mês. As 357 companhias abertas hoje negociadas na Bolsa têm valor de mercado de R$ 1,98 trilhão, quase meio trilhão de reais abaixo do que tinham dois anos atrás.
Esses números todos certamente cansam o leitor. Mas são importantes para mostrar o volume de recursos que o país está desperdiçando com a atual política econômica, que destrói valores e empregos de forma impiedosa. Só a construção civil dispensou 508 mil trabalhadores nos últimos 12 meses.
Os dados oficiais mais recentes sobre a atividade econômica não mostram trégua na recessão. O PIB do terceiro trimestre caiu 1,7% em relação ao trimestre anterior. Se essa taxa for anualizada, um exercício comumente feito na economia americana, a recessão projetada já chega a 7% ao ano.
O ajuste recessivo, acelerado por uma brutal taxa básica de juro, está fora de controle, e a destruição econômica supera as expectativas mais pessimistas. Não dá para aceitar uma situação como essa. Passou da hora de mudar o rumo, mas, lamentavelmente, o país vive um embate político que paralisa todas as decisões.
15 de dezembro de 2015
Benjamin Steinbruch
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