Ricardo Berzoini, ministro da Secretaria de Governo, reúne amanhã os líderes dos partidos da base oficial. No mesmo dia os ministros Katia Abreu, Eliseu Padilha e Henrique Eduardo Alves, do PMDB, começarão nova temporada de caça aos deputados do partido, pretendendo que façam declarações de lealdade à presidente Dilma, comprometendo-se a não embarcar na canoa do impeachment. Madame, de seu turno, continuará batendo firme e denunciando tratar-se de um golpe a tentativa de tirá-la do palácio do Planalto. Mais aproveitará viagens e inaugurações pelo país, além de ampliar o número de entrevistas nesse sentido.
Significa, essa operação de salvamento, estar o governo apavorado com a hipótese do impeachment. Por duas vezes grande parte da bancada governista na Câmara negou-se a comparecer ao plenário para aprovar os vetos da presidente a projetos que aumentam despesas públicas. A omissão fez prever que os insatisfeitos poderão integrar-se à iniciativa das oposições.
Para neutralizar a rebelião, começa também amanhã a Semana de São Francisco, com a distribuição de cargos e nomeações para os deputados garfados pelo ex-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, responsável pelo congelamento das promessas antes feitas por Michel Temer. Aliás, permanece afastado o vice-presidente, depois do malogro da efêmera coordenação política que não deu certo. Seus movimentos vêm sendo monitorados com lupa, depois de ter-se aproximado do verdadeiro incentivador do impeachment, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O problema é que sendo presidente do PMDB e beneficiário maior da operação “Fora Dilma”, Temer perdeu a confiança dos ministros palacianos.
DEDO DO GOVERNO
Não há como desconsiderar o dedo do governo na ação desenvolvida contra Eduardo Cunha, em especial pela imprensa. O deputado fluminense vive o seu inferno zodiacal, claro que por culpa dele mesmo e de sua participação na lambança da Petrobras. É de foice em quarto escuro sua briga com Dilma. Se vai para as profundezas, arriscado a perder o mandato, quer levar a presidente com ele.
Em suma, a temperatura continua subindo a ponto de o governo haver esquecido a crise econômica. O ministro Joaquim Levy passou a figurante sem expressão. O desemprego, o dólar, a nova CPMF, a alta dos impostos, do custo de vida e as greves são mero detalhe nas preocupações oficiais. Preservar o poder é mais importante.
12 de outubro de 2015
Carlos Chagas
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