A possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestar depoimento à Polícia Federal como testemunha do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato deixou o governo em alerta. O temor é que uma eventual convocação do petista, mesmo sem ser investigado, amplie a crise do governo Dilma Rousseff.
No Planalto, a avaliação é de que qualquer ação que associe a imagem do ex-presidente ao escândalo é algo que abre um precedente “muito ruim”. O PT tenta desqualificar e minimizar o fato.
Sexta-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou parecer ao Supremo Tribunal Federal no qual recomenda ao relator, ministro Teori Zavascki, que aceite o pedido da PF para ouvir Lula, como testemunha.
CONOTAÇÃO POLÍTICA
“O ex-presidente vai testemunhar sobre o quê? Há uma clara conotação política nessa iniciativa”, afirmou o líder do PT do Senado, Humberto Costa (PE).
Para o senador, não há nenhum fato que envolva o ex-presidente no escândalo da Petrobrás. Ele qualifica como uma “coisa isolada” a iniciativa do delegado da PF Josélio Sousa, que além da autorização para ouvir Lula, pede também os testemunhos dos ex-ministros Gilberto Carvalho e Ideli Salvatti.
Para o deputado tucano Antonio Imbassahy (BA), 1.º vice-presidente da CPI da Petrobrás, a decisão de Janot é acertada. “Lula é um cidadão comum que tem de observar a legislação como todos. Todo o esquema do ‘petrolão’ foi iniciado no governo dele, por isso tem obrigação de prestar os esclarecimentos. Como presidente, ele tinha responsabilidade sobre as ações de seus subordinados.”
28 de setembro de 2015
Daniel Carvalho e Isadora Peron
Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário