"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 19 de abril de 2015

GUERRAS DO OCIDENTE MATARAM 4 MILHÕES DE ISLAMITAS DESDE 1990



Falta computar as mortes em outros países, como Síria e Líbia
Mês passado, a organização Médicos pela Responsabilidade Social [orig. Physicians for Social Responsibility (PRS)] que tem sede em Washington divulgou estudo crucialmente importante, no qual a organização conclui que o número de mortos nos dez anos da “Guerra ao Terror” desde os ataques de 11/9 é de no mínimo 1,3 milhão de pessoas e pode ultrapassar os dois milhões. Desde 1990, o espantoso número sobe para 4 milhões
O relatório de 97 páginas, distribuído pela organização de médicos que já recebeu um Prêmio Nobel é o primeiro estudo dedicado a estimar o número de civis mortos nas intervenções de contraterrorismo comandadas pelos EUA no Iraque, Afeganistão e Paquistão.
O relatório da PSR é assinado por uma equipe interdisciplinar de especialistas, entre os quais o Dr. Robert Gould, diretor formação e educação profissional médica no Centro Médico da University of California San Francisco; e o professor Tim Takaro, da Faculdade de Ciências da Saúde na Simon Fraser University.
ESTUDO HISTÓRICO
Até aqui completamente apagado de todos os veículos da mídia-empresa comercial em língua inglesa, trata-se de estudo histórico revolucionário e primeira tentativa, realizada por organização de saúde pública de renome mundial, para produzir informação confiável sobre o número de vítimas civis, assassinadas na “guerra ao terror” comandada por EUA e Reino Unido.
O relatório da PSR é apresentado pelo Dr. Hans von Sponeck, ex-vice-secretário-geral da ONU, como “contribuição significativa para diminuir o fosso que separa estimativas confiáveis do número de vítimas da guerra, especialmente civis no Iraque, Afeganistão e Paquistão, e números tendenciosos, manipulados e até fraudulentos”.
O relatório faz uma revisão de estimativas anteriores do número de mortes da “guerra ao terror”. E é duramente crítico do número mais frequentemente citado pela mídia-empresa comercial como número confiável, a saber o índice Iraque Body Count (IBC) que notifica 110 mil mortos. Esse número é construído a partir de outras ‘estimativas’ publicadas pelos veículos da mídia-empresa comercial, mas o estudo da organização PSR identifica graves lacunas e erros de metodologia nesse tipo de abordagem.
UM EXEMPLO
Por exemplo, apesar de 40 mil cadáveres terem sido sepultados em Najaf desde o início da guerra, o índice jornalístico IBC só registrou, para o mesmo período, 1.354 mortes em Najaf. Esse exemplo mostra como é grande a diferença entre os números jornalísticos do IBC e o número real de mortos –, nesse caso o número de mortos que a mídia-empresa comercial está divulgando é 30 vezes menor que o número real.
Esse tipo de discrepâncias são encontráveis em todo o banco de dados do índice IBC com o qual trabalha a mídia-empresa comercial. Noutro campo, o índice IBC registrou apenas três ataques aéreos num período em 2005, quando o número de ataques realmente cresceu de 25 para 120 naquele ano. Dessa vez, o número que a mídia-empresa comercial está divulgando é 40 vezes menor que o número real.
PRÓXIMO DA REALIDADE
Segundo o estudo da PSR, até o muito discutível estudo publicado pela revista Lancet, que estimava em 655 mil o número de mortos no Iraque até 2006 (e mais de um milhão até hoje, por extrapolação) estava mais próximo da realidade que os números jornalísticos do índice IBC.
De fato, o relatório recém lançado confirma o que já é consensual entre os epidemiologistas quanto à confiabilidade do estudo publicado em Lancet. Mas, apesar de algumas críticas bem fundamentadas, a metodologia estatística ali aplicada é a mesma universalmente reconhecida para determinar números de mortos em zonas de conflito, usadas pelas agências internacionais e por governos.
(artigo enviado por Sergio Caldieri, com tradução da Vila Vudu)

19 de abril de 2015
Nafeez Ahmed
Middle East Eye

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