"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 27 de março de 2015

"EU ERA O DONO DO ORÇAMENTO" - AFIRMA PAULO ROBERTO COSTA





O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Operação Lava Jato, disse à força-tarefa do Ministério Público Federal e da Polícia Federal que chegou à unidade estratégica da estatal para substituir um diretor indicado pelo PSDB no cargo. De acordo com Costa, a primeira reunião que teve com o ex-deputado José Janene (PP) – morto em 2010 – , foi em 2004 no Aeroporto Santos Dumont. Desse encontro, afirmou o delator, teria participado também o ex-deputado federal Pedro Correa (PP-PE).

O relato foi gravado em vídeo pela força-tarefa da Lava Jato em 11 de fevereiro deste ano. O ex-diretor é o primeiro delator do esquema de corrupção e propina instalado na estatal petrolífera e desbaratado

Segundo Costa, o processo de cartelização das empreiteiras no setor de Abastecimento começou em 2006. Isto porque não havia obras sendo feitas por sua diretoria.

“Esse processo de cartelização começou não foi na minha área, porque eu não tinha obra. Esse processo de cartelização começou na área de plataformas, navios, sondas de perfuração, que tinham os recursos. Eu não ia fazer processo de cartelização de uma obra de R$ 20 milhões. O cara ia fazer processo de cartelização numa obra que custava R$ 500 milhões, R$ 1 bilhão”, disse.

O delator afirmou que entre 2004 e 2006, a interação entre ele e os ex-parlamentares foi ‘mínima’. Sem obras, não haveria como receber propina. O PP, com PT e PMDB, são suspeitos de lotear diretorias da Petrobrás para arrecadar entre 1% e 3% de propina em grandes contratos, mediante fraudes em licitações e conluio de agentes públicos com empreiteiras organizadas em cartel.

“Fiquei lá esse período, pouca coisa a ser feita. Obviamente que os políticos chegavam: ‘E aí, Paulo, quando vai ter (obra)?’. (Ele dizia) ‘Está fazendo projetos, deve ter licitação, possivelmente em 2006 pode começar a ter os projetos maiores e tal’”, afirmou. “Nesse meio de tempo, estava ocorrendo Mensalão, então, tinha recursos de outras fontes. O Mensalão estava em vigor, tinha outros recursos. De 2006 para frente começaram a aparecer outros projetos na minha área.”

À força-tarefa da Lava Jato, Costa disse que nenhuma empreiteira o procurou até 2006 para falar de cartel. Segundo o delator, ele ‘não tinha importância’.

“Você faz o que na área de Abastecimento? Eu era o dono do orçamento. Eu sou o responsável pelo orçamento, mas eu não sou o responsável pela contratação, pela execução, pelos aditivos”, afirmou. “A importância que o cara tem é orçamento, é dinheiro. Eu não tinha dinheiro, por que eles iam me procurar?”

Costa decidiu firmar um acordo de delação premiada em agosto do ano passado. Ele considerou que não tinha a menor chance de sair da carceragem de Polícia Federal, em Curitiba, onde ficou detido, tão cedo. Após contar o que sabia, ele deixou a prisão em setembro. Hoje, cumpre prisão domiciliar.



VEJA O DEPOIMENTO DE PAULO ROBERTO COSTA NA ÍNTEGRA


27 de março de 2015
Julia Affonso, Beatriz Bulla, Ricardo Brandt e Fausto Macedo, Estadão

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