Sem dinheiro para pagar fornecedores, falta comida na Venezuela.
(Valor) O Brasil estuda propor à Venezuela um mecanismo que use petróleo ou derivados como garantia de pagamento às exportações brasileiras ao país vizinho. A ideia parte da avaliação em Brasília de que a Venezuela, parceiro comercial que no ano passado assegurou o maior superávit na balança brasileira com outros países, está ficando sem divisas, cenário que deve se agravar no curto prazo com a queda nos preços do petróleo.
Em 2014, o Brasil teve superávit de U$ 3,45 bilhões com a Venezuela e amargou um déficit de US$ 3,95 bilhões no total da balança.
Segundo fontes do governo brasileiro, a intenção é "desmonetizar" ao máximo o comércio entre os dois países, dada a falta cada vez maior de dólares na Venezuela. Também se cogita garantir as exportações com o ouro depositado no Banco Central da Venezuela, que atualmente compõe aproximadamente 60% das reservas internacionais do país, de cerca de US$ 21 bilhões.
"O objetivo é criar mecanismos que deem alternativas ao pagamento em moeda física", disse ao Valor uma fonte do governo brasileiro. "Tudo o que eles importam de nós é pago em dólares. Não precisa e não pode ser assim".
A falta de divisas na Venezuela já se reflete em grandes atrasos no pagamento a exportadores brasileiros e também a empresas brasileiras instaladas no país, que não conseguem obter dólares para repatriar à matriz. A Câmara de Comércio Venezuela-Brasil (Cavenbra) estima que esses atrasos já chegam a US$ 5 bilhões.
O Ministério do Desenvolvimento (Mdic) confirma que tem recebido relatos de exportadores brasileiros sobre os atrasos. Sofrem mais os setores tidos como não prioritários, como têxteis e autopeças, segundo a Cavenbra. Alimentos e medicamentos, que compõem o grosso das exportações brasileiras, estão com a situação quase normalizada - em grande parte por exigirem pagamento adiantado.
Outros mecanismos também estão sendo avaliados. Ao menos desde 2013, quando os atrasos começaram a se intensificar, o Mdic estuda criar um mecanismo semelhante ao Programa de Financiamento às Exportações (Proex), do Banco do Brasil. Pelo modelo a ser proposto, o estatal Banco de Venezuela seria o tomador e garantiria a operação.
A instituição repassaria os dólares ao exportador brasileiro, quitando o empréstimo com o Banco do Brasil de maneira parcelada. A longo prazo, os dois países estudam ampliar a integração de suas cadeias produtivas.
29 de janeiro de 2015
in coroneLeaks
O Ministério do Desenvolvimento (Mdic) confirma que tem recebido relatos de exportadores brasileiros sobre os atrasos. Sofrem mais os setores tidos como não prioritários, como têxteis e autopeças, segundo a Cavenbra. Alimentos e medicamentos, que compõem o grosso das exportações brasileiras, estão com a situação quase normalizada - em grande parte por exigirem pagamento adiantado.
Outros mecanismos também estão sendo avaliados. Ao menos desde 2013, quando os atrasos começaram a se intensificar, o Mdic estuda criar um mecanismo semelhante ao Programa de Financiamento às Exportações (Proex), do Banco do Brasil. Pelo modelo a ser proposto, o estatal Banco de Venezuela seria o tomador e garantiria a operação.
A instituição repassaria os dólares ao exportador brasileiro, quitando o empréstimo com o Banco do Brasil de maneira parcelada. A longo prazo, os dois países estudam ampliar a integração de suas cadeias produtivas.
29 de janeiro de 2015
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