"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O PAÍS ESTÁ PARADO E AINDA VAI CONTINUAR ASSIM


O governo não escondeu a satisfação de ver o Brasil sair da recessão, mas, em conversas restritas, a nova equipe econômica admite que o avanço de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) foi erro na margem (ou margem de erro). Quer dizer: o país continua parado e continuará assim ainda por algum tempo, até que a onda de desconfiança que vem de empresários e consumidores comece a refluir.

Uma análise mais profunda dos números do PIB revela o quanto foi nociva ao país a política econômica que agora a presidente Dilma Rousseff está jogando no lixo. A começar pelo consumo das famílias, que recuou 0,3% ante abril e junho. Com a inflação persistentemente acima do teto da meta, de 6,5%, entre julho e setembro, as donas de casa foram obrigadas a frear as compras. Para piorar, o crédito encareceu e escasseou, e que quem já estava endividado, sobretudo no cartão de crédito e no cheque especial, viu as finanças ruírem.

Do lado dos investimentos produtivos, houve um sopro de vitalidade, com a alta de 1,3% entre julho e setembro. Mas a confiança que o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tanto precisa para resgatar o crescimento ainda está distante no horizonte. Em 12 meses, a chamada Formação Bruta de Capital Fixo acumula contração de 8,5%, o que derrubou a taxa de investimentos de 19% para 17,4% do PIB, nível insuficiente para sustentar uma avanço superior 2% da atividade sem que a inflação dispare.

UM ANO PERDIDO

Os dados do terceiro trimestre confirmam o que todos já imaginavam: 2014 foi um ano perdido. Mesmo que alguns economistas vejam um quarto trimestre melhor, tudo indica que o PIB anual terá variação próxima de zero ou mesmo poderá ser negativo.
E como nada aponta para melhora substancial em 2015, independentemente dos recados passados pela nova equipe econômica, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, acredita que, no ano que vem, o avanço será de apenas 0,5%, com viés de baixa. “A probabilidade de termos um ano igualmente ruim como 2014 está cada vez maior”, afirma.

OTIMISMO NO PLANALTO

A avaliação do Palácio do Planalto é de que será possível salvar o primeiro ano do segundo mandato de Dilma, com crescimento em torno de 1,5% do PIB. A projeção oficial será divulgada à medida que a equipe chefiada por Levy refizer as contas e trouxer para a realidade a proposta de Orçamento que está tramitando no Congresso.

Todos concordam — Levy, Alexandre Tombini (presidente do Banco Central) e Nelson Barbosa (ministro do Planejamento) — que a peça encaminhada pelo governo ao Legislativo é uma obra de ficção. Nada do que está previsto no projeto reflete o Brasil real.

DIÁLOGO COM EMPRESÁRIOS

A determinação da presidente Dilma é para que o novo trio da economia mantenha um discurso consistente de que o governo está disposto a reconstruir a credibilidade com ações concretas. Está se pensando, inclusive, na possibilidade de Levy e Barbosa darem início a uma série de encontros com empresários e investidores para detalhar o que lhes espera em 2015 em termos de medidas do governo. Serão conversas francas, sem rodeios.
O estreitamento das relações deve, inclusive, já mostrar resultados melhores da economia no segundo semestre de 2015. Lá, acreditam assessores da presidente, estará claro que as mudanças prometidas são para valer. O teste ao qual o governo será

10 de dezembro de 2014
Vicente Nunes
Correio Braziliense

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