Com a entrega do seu relatório a CNV encerra seus trabalhos e põe fim a um dos episódios mais tristes, decepcionantes e vergonhosos da história recente do nosso Exército.
Não pelos possíveis desdobramentos do que foi “plantado” no relatório da comissão. Dentro do ordenamento jurídico brasileiro, o trabalho da comissão vai dar em nada. Foi tempo e dinheiro público jogado fora.
Seja qual for o crime imputado aos agentes do estado, eles não estarão mais sujeitos a processos, julgamentos e condenações, eles estarão protegidos pela Lei da Anistia, a menos que ela seja revogada o que não acreditamos. O relatório é uma mera peça informativa que não tem qualquer valor jurídico, só serve para fazer joguinho de cena. A Dilma chorou (quase arrancou os bigodes para conseguir), o lula vai chorar e muitos outros vão chorar inclusive a militância, MST, cubanos, haitianos, venezuelanos, etc. Espero que nenhum militar chore pelo mesmo motivo.
O que nos preocupa é muito mais sério.
Nós, servidores do Estado, das FFAA, em particular do Exército, nos sentimos traídos, profundamente decepcionados, tristes, envergonhados com o posicionamento dos comandantes das FFAA, nestes três anos em que funcionou a CNV.
Traídos, decepcionados e tristes envergonhados, porque nada fizeram para nos defender, nós, soldados que um dia foram convocados para uma missão dura e espinhosa e a ela se dedicaram de corpo e alma.
Foram enormes os sacrifícios, para todos, dentre os quais me enquadro e para nossos familiares. No fragor da batalha, do combate, abrimos imensas feridas em nossos corações e almas que jamais cicatrizarão e que levaremos conosco para o resto de nossas vidas e para a eternidade. Dias e noites terríveis aqueles que vivemos.
Cumprimos com bravura e galhardia a missão recebida. Nossos Comandantes de então, reconheceram nosso trabalho, fomos aclamados heróis e recebemos as mais altas condecorações pelos relevantes serviços prestados à nação. Éramos diferenciados dentro do Exército Brasileiro e das FFAA.
Passado o tempo, no período em que reinou soberana a CNV, nossos comandantes atuais foram protagonistas de uma ação covarde, insidiosa, criminosa, traiçoeira, vergonhosa, jamais vista na história do Exército brasileiro: abandonaram seus soldados em pleno campo de batalha, deixando-os à sua própria sorte, a mercê dos seus inimigos.
Caxias, Osório, Sampaio, Mallet e tantos outros inclusive Vilagran Cabrita, Patrono da Engenharia e outros grandes Comandantes na nossa história militar, que lutaram ombro a ombro, lado a lado com seus soldados, sentiriam vergonha desses comandantes medíocres, velhacos e lhes diriam com desprezo que são indignos de exercerem comando quem quer que seja e muito menos de serem herdeiros de suas gloriosas tradições e de ostentarem o galardão de General que ostentam.
Nenhuma atitude, nenhum gesto, nenhuma palavra.
Simplesmente, covarde e traiçoeiramente assistiram impassíveis, seus subordinados sujeitos à sanha de seus algozes.
Que decepção, que tristeza, que vergonha!
Esse ato covarde, traiçoeiro, vergonhoso nos deixa agora diante de uma outra grande preocupação!
Abandonar seus soldados no campo de batalha é inadmissível, mas, numa missão de sacrifício, para salvar muitas outras vidas pode-se até compreender, mas abandonar uma nação inteira, um país inteiro!!!!!
Nosso país está gravemente enfermo, pede socorro, pede nossa ajuda! Os abutres e carniceiros do poder, já faz algum tempo, estão carcomendo suas entranhas, levando-o aos poucos à morte!
Somos guardiões da Pátria! Temos o dever moral e profissional de ajuda-la, temos que honrar o juramento que um dia fizemos e impedir que voltemos a ser uma republiqueta de quinta categoria, bem ao estilo do pt, que éramos antes de 31 de março de 1964.
Será que vocês também vão abandonar o Brasil como fizeram conosco, seus soldados?
Estão desconstruindo o Brasil, o país está em derrocada, chafurdando no lamaçal do roubo, da corrupção, da picaretagem, de políticos e governantes inescrupulosos subornados pelo poder das empreiteiras que sangram o erário público com enormes prejuízos para o povo brasileiro e vocês assistem impassíveis, nenhuma palavra, nenhuma atitude!
Disciplina não é subserviência.
Ninguém está fazendo apologia da indisciplina, da violência, ninguém quer fazer revolução, luta armada, tomar e permanecer no poder, ninguém quer derramamento de sangue, mortes, nada disso!
Mas, do jeito que as coisas estão não podem ficar.
Vocês estão perdendo o controle da situação. A tropa é povo, tudo vê tudo ouve, tudo sente e está de olho em vocês! Cuidado! Confiança não nasce do nada, confiança conquista-se.
Senhores generais, francamente! A julgar por tudo quanto estamos assistindo na vida do nosso país e do falamos até agora, permitam-me perguntar:
De que lado vocês estão?
Será que vocês fazem parte dessa sujeira?
Fazem parte do esquema desses safados?
Será que estão ganhando “alguma coisa” para dar cobertura a essa corja de corruptos e ladrões?
Será que vocês vão ter coragem de trair o Brasil e dar de “mão beijada” para esses vagabundos tudo o que lutamos para conseguir em 1964?
Ou será que também têm os mesmos sonhos “quixotescos” desses idiotas retrógrados do PT de querer dominar a América do Sul e nela implantarem o comunismo ?
Será?
Meu Deus seria o fim!
O Alto Comando das FFAA ou está acomodado ou é incompetente para assumir as altas responsabilidades de seus postos e que o momento exige.
Seja qual for o caso, para o bem do Brasil e das FFAA, todo o seu Alto Comando, deveria pedir transferência para a reserva, deveria renunciar aos seus atuais cargos e entregar o comando para outros Generais mais competentes e mais capacitados para os desafios e grandes responsabilidades próprias de seus postos e funções.
E para finalizar, uma última indagação: qual será a atitude de vocês diante das acusações feitas aos nossos Grandes Generais e ex Presidentes no relatório da CNV? E quanto aos os demais?
Vão ficar calados, impassíveis só olhando?
Por favor, não nos envergonhem ainda mais perante a nação brasileira.
Deus proteja o Brasil.
16 de dezembro de 2014
Pedro Ivo Moézia de Lima é Coronel reformado.
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