O Brasil pode reverter a má situação da economia e retomar o crescimento, mas para isso precisa abandonar as invenções e fazer outras mudanças
A falência financeira dos municípios, a crise fiscal dos estados, o déficit gigante do governo federal, a inflação no teto da meta, o mar de corrupção interminável, a estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) e a violência social são fatores que configuram um quadro de crise econômica e crise moral suficiente para reduzir a autoestima da população e passar a impressão de que o Brasil não tem jeito, que o crescimento econômico consistente não virá e que a superação da pobreza não será obtida nos próximos anos.
Embora haja fatores suficientes para justificar as impressões pessimistas, é possível destacar aspectos favoráveis à reversão dos problemas e ao crescimento da economia, condição suficiente para o desenvolvimento social. A maioria dos problemas acima é conjuntural e pode ser superada no longo prazo, desde que o país implemente medidas e políticas corretivas. O Brasil dispõe de uma série de fatores favoráveis, a começar pela abundância de recursos naturais, o bom desempenho do agronegócio, a melhoria (ainda que lenta) do nível de escolaridade, a compreensão social de que a educação e a qualificação profissional devem ser prioridades nacionais e um bom nível de espírito empreendedor de sua gente.
As mazelas morais refletidas no gigantesco castelo de corrupção revelado pela Operação Lava Jato pode causar a impressão de que o Estado brasileiro está contaminado de alto a baixo e ruma para a falência ética e financeira irreversível. Entretanto, apesar do custo econômico e social imposto à população – já que o setor público não vai à falência, apenas impõe sofrimento ao povo –, o desenrolar das investigações e a punição dos culpados alcançados pelos processos judiciais contribuirão para melhorar o país e diminuir o grau de desperdício e ineficiência.
Quanto aos problemas econômicos, os dois aspectos mais graves, por não serem solucionáveis no curto prazo, são o tamanho da carga tributária, que atingiu seu máximo aceitável, e o baixo nível de investimento público, sobretudo em infraestrutura física. Esses aspectos são graves por não serem conjunturais e momentâneos, mas por fazerem parte da estrutura de receitas e gastos do setor público. A elevação da carga tributária seria prejudicial ao crescimento do PIB, mas, apesar disso, nos estados e nos municípios já estão em andamento medidas de elevação dos impostos para 2015, comportamento que logo será seguido pelo governo federal.
Mesmo com a elevação tributária, a estrutura de gastos da máquina pública não permite haver margem para elevação dos investimentos em infraestrutura física e social. A solução dependeria de remodelar o sistema público brasileiro, e isso somente é possível em prazo mais longo. Vale realçar que o Brasil tem ainda algumas vantagens importantes, entre as quais a dívida pública, que se mantém em nível normal como proporção do PIB; e a dívida externa, que é pequena em relação ao PIB e inexistente quando comparada com as reservas internacionais. A boa situação dessas duas contas é favorável na montagem de um plano nacional de desenvolvimento, lembrando que os fatores contribuidores desse bom quadro estão desaparecendo, em especial o ciclo de expansão das commodities que elevou os preços dos produtos de exportação.
Outro aspecto favorável ao Brasil é o enorme espaço aberto para aumentar o grau de inserção na economia internacional, considerando o baixo nível de comércio exterior e a baixa importação de equipamentos e tecnologias estrangeiras. O desenvolvimento exigirá que, no curto prazo, o país melhore a legislação de importação de bens de capital e tecnologias necessárias à modernização da economia nacional. Entretanto, é preciso considerar que 2014 foi um ano de péssimo desempenho nas transações correntes (soma da balança comercial e da balança de serviços), situação que precisa ser revertida a fim de não prejudicar os bons números externos do país.
O Brasil é um país com boas chances para reverter a má situação de sua economia e retornar ao caminho do crescimento econômico e do desenvolvimento social. Mas, para isso, precisa abandonar as invenções na política econômica, retomar a austeridade fiscal, tornar prioridade o controle da inflação, melhorar a legislação de investimento privado na infraestrutura, desobstruir o caminho dos empreendedores e entender o papel fundamental do setor privado no crescimento da economia. Fazendo as coisas certo, dá para ter otimismo com o país.
A falência financeira dos municípios, a crise fiscal dos estados, o déficit gigante do governo federal, a inflação no teto da meta, o mar de corrupção interminável, a estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) e a violência social são fatores que configuram um quadro de crise econômica e crise moral suficiente para reduzir a autoestima da população e passar a impressão de que o Brasil não tem jeito, que o crescimento econômico consistente não virá e que a superação da pobreza não será obtida nos próximos anos.
Embora haja fatores suficientes para justificar as impressões pessimistas, é possível destacar aspectos favoráveis à reversão dos problemas e ao crescimento da economia, condição suficiente para o desenvolvimento social. A maioria dos problemas acima é conjuntural e pode ser superada no longo prazo, desde que o país implemente medidas e políticas corretivas. O Brasil dispõe de uma série de fatores favoráveis, a começar pela abundância de recursos naturais, o bom desempenho do agronegócio, a melhoria (ainda que lenta) do nível de escolaridade, a compreensão social de que a educação e a qualificação profissional devem ser prioridades nacionais e um bom nível de espírito empreendedor de sua gente.
As mazelas morais refletidas no gigantesco castelo de corrupção revelado pela Operação Lava Jato pode causar a impressão de que o Estado brasileiro está contaminado de alto a baixo e ruma para a falência ética e financeira irreversível. Entretanto, apesar do custo econômico e social imposto à população – já que o setor público não vai à falência, apenas impõe sofrimento ao povo –, o desenrolar das investigações e a punição dos culpados alcançados pelos processos judiciais contribuirão para melhorar o país e diminuir o grau de desperdício e ineficiência.
Quanto aos problemas econômicos, os dois aspectos mais graves, por não serem solucionáveis no curto prazo, são o tamanho da carga tributária, que atingiu seu máximo aceitável, e o baixo nível de investimento público, sobretudo em infraestrutura física. Esses aspectos são graves por não serem conjunturais e momentâneos, mas por fazerem parte da estrutura de receitas e gastos do setor público. A elevação da carga tributária seria prejudicial ao crescimento do PIB, mas, apesar disso, nos estados e nos municípios já estão em andamento medidas de elevação dos impostos para 2015, comportamento que logo será seguido pelo governo federal.
Mesmo com a elevação tributária, a estrutura de gastos da máquina pública não permite haver margem para elevação dos investimentos em infraestrutura física e social. A solução dependeria de remodelar o sistema público brasileiro, e isso somente é possível em prazo mais longo. Vale realçar que o Brasil tem ainda algumas vantagens importantes, entre as quais a dívida pública, que se mantém em nível normal como proporção do PIB; e a dívida externa, que é pequena em relação ao PIB e inexistente quando comparada com as reservas internacionais. A boa situação dessas duas contas é favorável na montagem de um plano nacional de desenvolvimento, lembrando que os fatores contribuidores desse bom quadro estão desaparecendo, em especial o ciclo de expansão das commodities que elevou os preços dos produtos de exportação.
Outro aspecto favorável ao Brasil é o enorme espaço aberto para aumentar o grau de inserção na economia internacional, considerando o baixo nível de comércio exterior e a baixa importação de equipamentos e tecnologias estrangeiras. O desenvolvimento exigirá que, no curto prazo, o país melhore a legislação de importação de bens de capital e tecnologias necessárias à modernização da economia nacional. Entretanto, é preciso considerar que 2014 foi um ano de péssimo desempenho nas transações correntes (soma da balança comercial e da balança de serviços), situação que precisa ser revertida a fim de não prejudicar os bons números externos do país.
O Brasil é um país com boas chances para reverter a má situação de sua economia e retornar ao caminho do crescimento econômico e do desenvolvimento social. Mas, para isso, precisa abandonar as invenções na política econômica, retomar a austeridade fiscal, tornar prioridade o controle da inflação, melhorar a legislação de investimento privado na infraestrutura, desobstruir o caminho dos empreendedores e entender o papel fundamental do setor privado no crescimento da economia. Fazendo as coisas certo, dá para ter otimismo com o país.
22 de dezembro de 2014
Editorial Gazeta do Povo, PR
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