E a terra de Pindorama ainda não conseguiu livrar-se da síndrome do "sabe com quem está falando?". Em 2011, o juiz João Carlos de Souza Correa, conduzia, no Rio, sem carteira de habilitação, um veículo que não possuía placa nem documentos e teve o carro rebocado, após o que se identificou, originando um comentário irônico, não descortês, da agente de trânsito, a respeito dos atributos divinos do magistrado, que então lhe deu voz de prisão.
O caso rendeu recentemente à funcionária uma condenação por "danos morais" ao juiz, mediante pagamento de quantia em dinheiro, com confirmação da pena após recurso, numa exibição de arrogância corporativa que gerou reações perplexas da população.
Há pouco tempo, o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo , demonstrando inoportuna politização, incompatível com o cargo de Estado que ocupa e atropelando a livre expressão do cidadão, determinou abertura de sindicância para apurar a manifestação de delegados da polícia federal que, em site fechado, criticaram aspectos do governo e elogiaram o candidato á presidência da oposição.
Seria oportuno relembrar também o episódio envolvendo funcionários de uma instituição bancária que alertaram os clientes sobre as mazelas da política econômica que vinha até então sendo praticada e que tiveram suas demissões pressionadas pelo Planalto, temendo que o fato pudesse prejudicar a campanha eleitoral que estava em curso à época.
São só alguns exemplos explícitos que provam que as carteiradas em vários níveis continuam vigorosas e agressivas, praticadas por representantes públicos que não estão preparados para exercer suas funções com autoridade sem autoritarismo, como é recomendado em democracias que primam pela preservação das instituições, antes dos posicionamentos pessoais e ideológicos.
19 de novembro de 2014
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