"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

MAIS ESTELIONATO

Desligadas as urnas, ficamos sabendo que o governo produziu o pior resultado nas contas públicas desde 2001. Ou: Dilma I, a grande inimiga da Dilma II

A herança maldita do governo Dilma começa a cair no colo da presidente reeleita, Dilma. As sandices perpetradas no governo da “presidenta” já perturbam a “represidenta”. As contas públicas ficaram de novo no vermelho em setembro, um vermelho bem petista. E pelo quinto mês consecutivo. O governo central — composto de Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central — registrou déficit primário de R$ 20,4 bilhões, o pior resultado mensal desde que se faz essa medição, em 1997.
 
Sabem quanto o governo poupou para o pagamento da dívida? Nada! Os números não são melhores caso se considere o chamado “setor público consolidado”, que inclui União, Estados, Municípios e estatais. Aí o rombo é de R$ 25,5 bilhões. Isto é, esses entes gastaram R$ 25,5 bilhões a mais do que arrecadaram só em setembro. Nesse caso, é o pior resultado desde 2001.
 
Querem ver para onde leva a espiral da irresponsabilidade fiscal? Agora, Arno Augustin, secretário do Tesouro Nacional — um dos queridinhos de Dilma —, admitiu que o governo vai enviar ao Congresso uma proposta para rever a Lei de Diretrizes Orçamentárias deste ano. É isto mesmo: no último dia de outubro, faltando dois meses para o fim de 2014, o governo vai baixar a meta de superávit primário para não parecer que joga no lixo a Lei de Responsabilidade Fiscal. O superávit fixado era de R$ 80,8 bilhões — ou 1,55% do Produto Interno Bruto. Já foi para o espaço.
 
Vejam que governo estupendo: em vez de se comportar dentro das metas que ele mesmo fixou, faz o que bem entende, mete o pé na jaca, e depois as altera retroativamente. O segundo mandato da represidenta não será fácil. O déficit primário acumulado do governo central, no ano, é de R$ 15,7 bilhões, também o pior da história.
E, como a gente vê, os cadáveres vieram a público depois das eleições. Então ficamos assim: três dias depois do segundo turno, o Banco Central eleva a Taxa Selic. Cinco dias depois, constatamos que o governo reeleito produziu o pior resultado nas contas públicas desde que existe a devida medição.
 
Mas nada muda, tá, gente?, na meta de superávit fixada para o ano que vem, entre 2,0% e 2,5% do PIB. Certo! O governo talvez deixe para rever o número só em outubro de 2015. Como já se sabe que o crescimento do ano que vem será, de novo, sofrível, a administração só conseguiria fazer o que prometeu cortando gastos. Dilma, no entanto, na disputa eleitoral, prometeu é aumentá-los e dizia que esse negócio de diminuir despesas é coisa de neoliberal.
A Dilma I é a maior inimiga da Dilma II.
 
Ah, sim: a represidenta já sabe como resolver os problemas: com uma reforma política, uma reforma tributária, uma reforma fiscal, uma reforma sei lá do quê… O Brasil está virando uma piada de mau gosto.
 
31 de outubro de 2014
Reinaldo Azevedo

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