A política e a aritmética dispõem de algumas semelhanças. Basta somar para concluir que se Dilma tem 44 e Marina 46, vencerá no segundo turno aquela que receber a maior parte dos 17 dados a Aécio, no primeiro. Não é de hoje que essa situação se caracteriza, mas, com certeza, será a mais fascinante. Repousa nas mãos do derrotado a sorte da vitoriosa.
Claro que a soma de votos nunca foi linear, sujeitando-se ao humor e às preferências do eleitorado, mas parece significativa essa migração. Os aecistas, alijados da disputa, deverão decidi-la. Por certo que se dividirão, mas minoritariamente. Uns vão preferir votar em Dilma, outros nos candidatos menores. Alguns, até, votarão em branco ou vão se abster. Mas a massa dos eleitores do senador mineiro seguirá um fluxo.
Qual? É prematuro concluir que Marina já está eleita, tendo em vista a sistemática oposição do PSDB aos governos do PT e até à tentativa de sedução que Marina desenvolve no rumo dos tucanos. Admitiu, até, convocá-los para o seu ministério.
Uma das regras clássicas dos processos eleitorais indica que votos não se transferem facilmente. A maioria dos filhos de políticos que agora se candidatam aprenderá a lição, com alguma amargura. Mesmo assim, fica óbvio que os seguidores de Aécio participarão das eleições.
Uma das regras clássicas dos processos eleitorais indica que votos não se transferem facilmente. A maioria dos filhos de políticos que agora se candidatam aprenderá a lição, com alguma amargura. Mesmo assim, fica óbvio que os seguidores de Aécio participarão das eleições.
CAÇA AOS TUCANOS
Quem quiser que conclua, mas estamos em plena temporada de caça aos tucanos. Não para levá-los à gaiola ou a panela, mas, pelo contrário, para alimentá-los. Dilma e Marina refluíram em suas agressões ao ex-governador de Minas, mesmo quando ele não poupa nenhuma delas. Ninguém se espante caso a atual presidenta venha a elogiar Fernando Henrique, ou a ex-ministra convide José Serra para um café da manhã.
Há um fator ainda obscuro nessas projeções. Oficialmente o PMDB está com Dilma, menos por dispor do vice-presidente Michel Temer, mais porque a presidente detém a caneta e o poder. Diante da hipótese de Marina ocupar o palácio do Planalto, porém, só como piada se admitirá o partido formando na oposição. Mesmo dizendo-se independente, vai aderir.
Sendo assim, como de bobos os peemedebistas não tem nada, parece que algumas pontes já foram lançadas para alcançar a margem onde a ex-ministra do Meio Ambiente montou sua barraca. Estão com Dilma, não abrem, mas lembram o capitulo final da vida de Voltaire.
Durante décadas o genial humanista lutou contra a Igreja, negando a existência de qualquer coisa depois da morte. Em sua hora final, porém, mandou chamar um padre, para confessar seus pecados. Os amigos espantaram-se. Como poderia renegar toda uma luta em defesa da razão?
Piscando o olho pela última vez ele explicou: “continuo não acreditando, mas se por acaso eles estiverem certos?”
Sendo assim, como de bobos os peemedebistas não tem nada, parece que algumas pontes já foram lançadas para alcançar a margem onde a ex-ministra do Meio Ambiente montou sua barraca. Estão com Dilma, não abrem, mas lembram o capitulo final da vida de Voltaire.
Durante décadas o genial humanista lutou contra a Igreja, negando a existência de qualquer coisa depois da morte. Em sua hora final, porém, mandou chamar um padre, para confessar seus pecados. Os amigos espantaram-se. Como poderia renegar toda uma luta em defesa da razão?
Piscando o olho pela última vez ele explicou: “continuo não acreditando, mas se por acaso eles estiverem certos?”
22 de setembro de 2014
Carlos Chagas
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