"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O FUTURO, DE COLLOR A DILMA




A eleição de 2014 marcará um quarto de século da redemocratização da política brasileira. A arqueologia desse período produz um impasse. Em 1989, vitória de Fernando Collor contra Lula. Para o bem e o mal, o “caçador de marajás” e crítico das “carroças” da indústria automotiva abriu o Brasil a fórceps.


Ondas de importados levaram a uma modernização produtiva, deixando milhares de empresas ineficientes pelo caminho. As estacas da competição externa foram fincadas.
Segundo ato: Itamar-FHC resolvem o grande problema de fundo. Estabilizaram a moeda com o  real na transição 1994-1995.

Ato contínuo, FHC implementou reformas e a privatização que lançariam as bases para uma modernização mais duradoura do país. Plantou também a semente das bolsas.

Sob Lula, começaria um projeto maior de diminuição das desigualdades e melhora na distribuição de renda. Tudo empacotado em um ambiente externo favorável e, internamente, amigável ao capital.

CARGA TRIBUTÁRIA

Estabilização e modernização de FHC e melhora social sob Lula tiveram financiamento via aumento da carga tributária. O peso dos impostos sobre a sociedade saltou de 25% como proporção do PIB no governo FHC-1 para 34% ao final dos anos Lula.

Mais: combinadas, estabilização, modernização e distribuição de renda encorajaram bancos aqui e de fora a expandirem de modo fantástico o crédito ao consumo e imobiliário. A melhora das condições de vida tornou-se inegável.

Finalmente, Dilma. Qual o seu legado?
A economia já está aberta (Collor), estabilizada (Itamar-FHC), minimamente modernizada e privatizada (FHC 1 e 2) e distribuiu parte de sua renda (Lula).

Dilma soube aproveitar o que recebeu e ampliou programas sociais, educacionais, de moradia. E manteve o desemprego baixo. Mas não criou uma nova onda que levasse o país a um novo patamar.
Ao contrário, queima gordura recebida de antecessores. Inflação em alta, gastos maiores do governo e aumento do deficit externo são sintomas da falta de um projeto de futuro.

Sem espaço para mais impostos e endividamento familiar, restaria naturalmente a Dilma, neste estágio, a boa saída do estímulo a investimentos privados na produção e infraestrutura.
Dilma não seduz ou estimula isso. Faz sentido a apreensão atual.

22 de setembro de 2014
Fernando Canzian
Folha

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