A primeira reação do mercado financeiro à morte do candidato Eduardo Campos foi inteiramente emocional, como se o nível de incertezas tivesse aumentado e como se as perspectivas da economia brasileira tivessem piorado
A primeira reação do mercado financeiro à morte do candidato Eduardo Campos foi inteiramente emocional, como se o nível de incertezas tivesse aumentado e como se as perspectivas da economia brasileira tivessem piorado.
A morte de um político jovem, com enorme capacidade de articulação, que apontava para mudanças sem perda do nível de segurança na condução da vida política brasileira, é profundamente lamentável.Mas se os desafios de política econômica não mudam, pode ter ficado bem mais difícil de montar um mecanismo capaz de dar resposta a eles.
De um certo ponto de vista, esses desafios se tornam mais complicados porque, sem Campos, o debate e o processo de criação de consciência que dele poderia advir podem perder profundidade e pertinência.
Os problemas de fundo também não mudam. O Brasil é, no momento, uma economia mal-arrumada, desequilibrada, dividida entre projetos de qualidade diferente: o de perseguir mais do mesmo, o de retomar uma administração mais conservadora e mais segura e o de partir para alguma coisa nova, que ninguém sabe exatamente o que tem de ser.
Na última terça-feira, por exemplo, o empresário Benjamin Steinbruch, presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e também no exercício da presidência da Fiesp, advertiu que a economia brasileira tem muita margem para piorar e, nessas condições, “só louco investe no Brasil”. Esta não é uma posição exclusivamente pessoal. É o que pensa a maioria dos empresários brasileiros e os que vivem de alocar e administrar recursos no sistema produtivo.
Na hora de apontar para uma saída, Steinbruch revelou mais perplexidade do que proposta. Ele se limitou a dizer que é preciso “algo muito diferente e muito agressivo, para arrumar as distorções”. A maioria dos empresários sabe o que não quer, mas não é capaz de armar um arcabouço que dê consistência à retomada. Não quer juros lá em cima, como estão hoje nem câmbio fortemente valorizado, como o de hoje. Também não quer esse custo Brasil insuportável. Defende contas públicas equilibradas, mais investimentos em infraestrutura barata, mais educação e saúde com nível de excelência para todos, mas não tem proposta sobre como montar a equação macroeconômica capaz de dar consistência a essas aspirações.
Como acontece nos tempos de crise, o maior problema consiste em como distribuir uma enorme conta a pagar pela sociedade e em como comandar mudanças que todos querem, contanto que os novos encargos sejam sempre transferidos para os outros. A saída não está só na amarração de respostas tecnicamente adequadas, mas, principalmente, em respostas politicamente viáveis.
Campos vinha contribuindo para apontar soluções modernas, identificadas com a reforma do Estado e com a reforma tributária. Defendia a criação de um sistema educacional sólido que preparasse a decolagem da economia e a criação de bases para o crescimento mais acelerado e mais sustentável.
Por ter surgido e se formado entre as esquerdas brasileiras e, portanto, por ter uma visão “por dentro” dos erros dos governos do PT, Campos tinha condições de defender mudanças que conduzissem a um novo choque de capitalismo moderno. Agora, esses movimentos têm de ser feitos sem ele.
Componente emocional
Com a morte de Eduardo Campos, a campanha eleitoral por rádio e TV começa dia 19 com um componente emocional de natureza inteiramente diferente do que estava sendo previsto pelos marqueteiros. Difícil saber quantas semanas vai durar.
A primeira reação do mercado financeiro à morte do candidato Eduardo Campos foi inteiramente emocional, como se o nível de incertezas tivesse aumentado e como se as perspectivas da economia brasileira tivessem piorado.
A morte de um político jovem, com enorme capacidade de articulação, que apontava para mudanças sem perda do nível de segurança na condução da vida política brasileira, é profundamente lamentável.Mas se os desafios de política econômica não mudam, pode ter ficado bem mais difícil de montar um mecanismo capaz de dar resposta a eles.
De um certo ponto de vista, esses desafios se tornam mais complicados porque, sem Campos, o debate e o processo de criação de consciência que dele poderia advir podem perder profundidade e pertinência.
Os problemas de fundo também não mudam. O Brasil é, no momento, uma economia mal-arrumada, desequilibrada, dividida entre projetos de qualidade diferente: o de perseguir mais do mesmo, o de retomar uma administração mais conservadora e mais segura e o de partir para alguma coisa nova, que ninguém sabe exatamente o que tem de ser.
Na última terça-feira, por exemplo, o empresário Benjamin Steinbruch, presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e também no exercício da presidência da Fiesp, advertiu que a economia brasileira tem muita margem para piorar e, nessas condições, “só louco investe no Brasil”. Esta não é uma posição exclusivamente pessoal. É o que pensa a maioria dos empresários brasileiros e os que vivem de alocar e administrar recursos no sistema produtivo.
Na hora de apontar para uma saída, Steinbruch revelou mais perplexidade do que proposta. Ele se limitou a dizer que é preciso “algo muito diferente e muito agressivo, para arrumar as distorções”. A maioria dos empresários sabe o que não quer, mas não é capaz de armar um arcabouço que dê consistência à retomada. Não quer juros lá em cima, como estão hoje nem câmbio fortemente valorizado, como o de hoje. Também não quer esse custo Brasil insuportável. Defende contas públicas equilibradas, mais investimentos em infraestrutura barata, mais educação e saúde com nível de excelência para todos, mas não tem proposta sobre como montar a equação macroeconômica capaz de dar consistência a essas aspirações.
Como acontece nos tempos de crise, o maior problema consiste em como distribuir uma enorme conta a pagar pela sociedade e em como comandar mudanças que todos querem, contanto que os novos encargos sejam sempre transferidos para os outros. A saída não está só na amarração de respostas tecnicamente adequadas, mas, principalmente, em respostas politicamente viáveis.
Campos vinha contribuindo para apontar soluções modernas, identificadas com a reforma do Estado e com a reforma tributária. Defendia a criação de um sistema educacional sólido que preparasse a decolagem da economia e a criação de bases para o crescimento mais acelerado e mais sustentável.
Por ter surgido e se formado entre as esquerdas brasileiras e, portanto, por ter uma visão “por dentro” dos erros dos governos do PT, Campos tinha condições de defender mudanças que conduzissem a um novo choque de capitalismo moderno. Agora, esses movimentos têm de ser feitos sem ele.
Componente emocional
Com a morte de Eduardo Campos, a campanha eleitoral por rádio e TV começa dia 19 com um componente emocional de natureza inteiramente diferente do que estava sendo previsto pelos marqueteiros. Difícil saber quantas semanas vai durar.
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