A sabedoria convencional indica que a morte de Campos alterará muito o panorama eleitoral
Samantha Pearson, a correspondente do ¨Financial Times¨ no Brasil, ousou prever, a quente, que a morte de Eduardo Campos muda "radicalmente" o panorama eleitoral. Não chegou a elaborar, mas a sabedoria convencional indica que pode ter razão.
Para começar, o lógico é que Marina Silva, a candidata a vice, seja a substituta de Eduardo Campos, assumindo a cabeça de chapa. Se se especulou muito, antes da definição da candidatura do ex-governador pernambucano, com a hipótese de que Marina poderia ser a candidata, o natural é que, agora, ela o substitua no posto.
Se for assim, é razoável supor que Marina recuperará nas pesquisas o patamar de intenções de voto que tinha antes de inviabilizada a sua Rede e, por extensão, antes de que ela aderisse ao PSB.
Na última pesquisa do Datafolha nesse cenário, no início de abril, a ex-senadora do Acre atingia 27% e ficava em segundo lugar, não muito atrás da líder Dilma Rousseff, com seus 39%.
Recuperado esse patamar e todas as demais variáveis permanecendo as mesmas, o segundo turno torna-se inevitável. Afinal, aos 27% de Marina é preciso somar os 16% de Aécio Neves, o que dá, portanto, 43%, acima dos 39% de Dilma. Como se sabe, a condição para segundo turno é os demais candidatos superarem os votos da primeira colocada.
É óbvio que nada garante que essas suposições se cumprirão. Aliás, nem é certo que Marina será a candidata no lugar de Eduardo Campos, por mais que seja a alternativa cristalinamente lógica. À parte a lógica, podem entrar na equação emoções que alterem esse cenário, para o bem ou para o mal (de Marina).
Uma delas me foi lembrada por Adriana Pérez-Cañedo, âncora de rádio e TV mexicana, quando me entrevistava exatamente sobre a morte do líder socialista. Para ela, a comoção provocada por episódios do gênero inevitavelmente leva votos para os substitutos da vítima.
A entrada de Marina, acoplada a esse, digamos, "voto-luto", pode servir de catalisador para que o desejo de mudança, clara e fortemente manifestado em todas as pesquisas eleitorais, engrosse a preferência pela ex-senadora.
Mas pode acontecer também que Marina não recupere a intenção de voto que tinha antes de se filiar ao PSB, exatamente porque os eleitores que querem a mudança --seja lá o que isso signifique-- podem entender que ela se contaminou com a velha política ao entrar em um partido convencional, ao contrário da suposta novidade que seria a Rede.
Cabe de todo modo deixar claro que avaliações a quente, como a que ousou fazer Samantha Pearson e à qual aderi, podem ser destruídas à medida em que o estado de choque em que caiu o mundo político seja substituído pela realidade de que a eleição está a apenas sete semanas.
Cabe também lembrar que Eduardo Campos era, talvez, o único político nordestino que não se encaixava no perfil coronelístico que caracteriza a maior parte de seus pares (e não apenas no Nordeste), embora suas raízes estivessem solidamente fincadas no agreste pernambucano, tal como o "velho Arraia", seu avô Miguel Arraes.
Samantha Pearson, a correspondente do ¨Financial Times¨ no Brasil, ousou prever, a quente, que a morte de Eduardo Campos muda "radicalmente" o panorama eleitoral. Não chegou a elaborar, mas a sabedoria convencional indica que pode ter razão.
Para começar, o lógico é que Marina Silva, a candidata a vice, seja a substituta de Eduardo Campos, assumindo a cabeça de chapa. Se se especulou muito, antes da definição da candidatura do ex-governador pernambucano, com a hipótese de que Marina poderia ser a candidata, o natural é que, agora, ela o substitua no posto.
Se for assim, é razoável supor que Marina recuperará nas pesquisas o patamar de intenções de voto que tinha antes de inviabilizada a sua Rede e, por extensão, antes de que ela aderisse ao PSB.
Na última pesquisa do Datafolha nesse cenário, no início de abril, a ex-senadora do Acre atingia 27% e ficava em segundo lugar, não muito atrás da líder Dilma Rousseff, com seus 39%.
Recuperado esse patamar e todas as demais variáveis permanecendo as mesmas, o segundo turno torna-se inevitável. Afinal, aos 27% de Marina é preciso somar os 16% de Aécio Neves, o que dá, portanto, 43%, acima dos 39% de Dilma. Como se sabe, a condição para segundo turno é os demais candidatos superarem os votos da primeira colocada.
É óbvio que nada garante que essas suposições se cumprirão. Aliás, nem é certo que Marina será a candidata no lugar de Eduardo Campos, por mais que seja a alternativa cristalinamente lógica. À parte a lógica, podem entrar na equação emoções que alterem esse cenário, para o bem ou para o mal (de Marina).
Uma delas me foi lembrada por Adriana Pérez-Cañedo, âncora de rádio e TV mexicana, quando me entrevistava exatamente sobre a morte do líder socialista. Para ela, a comoção provocada por episódios do gênero inevitavelmente leva votos para os substitutos da vítima.
A entrada de Marina, acoplada a esse, digamos, "voto-luto", pode servir de catalisador para que o desejo de mudança, clara e fortemente manifestado em todas as pesquisas eleitorais, engrosse a preferência pela ex-senadora.
Mas pode acontecer também que Marina não recupere a intenção de voto que tinha antes de se filiar ao PSB, exatamente porque os eleitores que querem a mudança --seja lá o que isso signifique-- podem entender que ela se contaminou com a velha política ao entrar em um partido convencional, ao contrário da suposta novidade que seria a Rede.
Cabe de todo modo deixar claro que avaliações a quente, como a que ousou fazer Samantha Pearson e à qual aderi, podem ser destruídas à medida em que o estado de choque em que caiu o mundo político seja substituído pela realidade de que a eleição está a apenas sete semanas.
Cabe também lembrar que Eduardo Campos era, talvez, o único político nordestino que não se encaixava no perfil coronelístico que caracteriza a maior parte de seus pares (e não apenas no Nordeste), embora suas raízes estivessem solidamente fincadas no agreste pernambucano, tal como o "velho Arraia", seu avô Miguel Arraes.
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