"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

DESIGUALDADE NA DISTRIBUIÇÃO DA É BASEADA NA TESE DE QUE DINHEIRO PODE RENDER DINHEIRO, SEM PROPICIAR PRODUÇÃO

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Em síntese, o drama socioeconômico da desigualdade de distribuição da riqueza, e, por conseguinte, da sua concentração nas mãos de poucos, vivenciado pelo mundo no presente momento, é fundado na diferença das taxas de retorno do capital disponível nas mãos dos diferentes agentes econômicos.
Toda riqueza (capital) é mensurada pelo dinheiro.
O dinheiro é, assim, ao mesmo tempo, um instrumento de medida e de troca de bens e valores.

Como qualquer riqueza é economicamente mensurada pelo próprio dinheiro, o dinheiro que tem valor intrínseco de per si se mensura e se confunde com a própria riqueza, indo além de um mero instrumento de troca e de mensuração.

Até aí, em princípio, não haveria problema algum, já que, o dinheiro (capital), além de instrumento de troca de bens e valores, é apenas mais um dos três fatores de produção que deve se ligar aos outros dois (mão-de-obra e matéria-prima) para remunerá-los e gerar mais bens e valores – a riqueza.

DINHEIRO GERANDO DINHEIRO???

O distúrbio sistemático nasce, é provocado, pela aceitação da idéia de que o dinheiro tem a capacidade de gerar mais dinheiro sem a necessidade de seu emprego junto aos outros dois fatores de produção. É aí que reside o problema sistêmico.

Se ao sistema financeiro é dado emprestar dinheiro e posteriormente receber um volume superior ao que emprestou sem que isso tenha significado o emprego desse recurso em um processo produtivo, o sistema financeiro passa a competir com os outros setores de produção onde é necessário haver o emprego do dinheiro (capital) junto com os outros fatores de produção para gerar riqueza. Mas, o que é mais fácil e rentável – o que apresenta maior taxa de retorno-, ter de unir os três fatores de produção em um mercado competitivo e limitador, ou conseguir retornos crescentes utilizando-se apenas o capital?

A resposta é clara na vantagem desproporcional ao sistema financeiro mundial. E ela está evidenciada na aceitação de que o dinheiro gera mais dinheiro por si só.

JUROS COMPOSTOS

Como se isso já não bastasse para provocar um distúrbio nas relações econômicas em todo o planeta, o problema é majorado pela forma de computar o crescimento do dinheiro no tempo, tendo por base o próprio dinheiro.
O artifício de majoração da criação do dinheiro pelo dinheiro é a utilização de fórmula de juros compostos, o que aumenta, ainda mais, o distúrbio no sistema econômico mundial.

Assim, enquanto o dinheiro (capital) empregado nos setores industrial e agropecuário depende da união dos três fatores produtivos que são escassos e limitados: mão-de-obra, capital e matéria-prima, para gerar riqueza que é mensurada pelo dinheiro (capital); no outro setor, o setor de serviços, especificamente o setor bancário, não há a necessidade da união dos três fatores produtivos e de suas limitações em gerar riqueza, tendo em vista que o mundo admite a hipótese adotada pelos bancos de que o dinheiro gera dinheiro no correr do tempo.
 
A indústria, o agronegócio e o setor de serviços demandam uma fonte de recursos limitados, e estão dentro de um sistema de concorrência que limitam suas margens de atuação, o que, por sua vez, limitará a taxa de retorno. Mas os bancos não têm este problema, pois, não há limitação no processo de capitalização composta adotada pela sistemática bancária.
 
SEM CONCORRÊNCIA

Alguém poderia objetar dizendo que o processo de concorrência interbancária, competindo com diferentes taxas, seria suficiente para frear o processo e limitar as taxas de retorno.
Mas, não é assim. Apesar de haver diferentes taxas no mercado financeiro, a verdade é que o processo de acumulação do dinheiro (capital) desse setor da economia continua obedecendo a mesma sistemática, que, como já dissemos, é irreal, pois o dinheiro não cria mais dinheiro. Ele é apenas um instrumento de troca e de valoração. Nada mais.
 
Além do mais, independente da taxa, o cômputo dos juros na acumulação do capital pelo sistema bancário será sempre composto no tempo, o que não se dá nos outros setores da economia.
Então, quem competirá com os bancos?
Resposta: ninguém!
 
A correção de tal distúrbio deverá vir de um conjunto de medidas adotadas pelos governos mundiais, que deverão direcionar normas, regulamentos para correção da sistemática de computação dos juros na unidade de tempo. E de um sistema diferenciado de tributação que leve em conta o tamanho do patrimônio do banco e do tamanho de sua carteira de crédito.

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