Tanto o salário mínimo quanto o rendimento médio habitual do trabalhador brasileiro subiram nos últimos 20 anos. No governo de FHC o reajuste do salário mínimo garantiu-lhe ganho real de 4,52%; no governo de Lula, 6,28%; e no governo de Dilma, mais 2,92%.
Só que não dá para continuar a haver ganho real sem contrapartida de crescimento da produtividade, pois o aumento salarial, sem o acompanhamento da produtividade, provoca maior demanda sem que haja o contraponto da maior oferta. E isso significa mais pressão inflacionária, devido ao descompasso do mecanismo que há entre a demanda e oferta.
Mas quando a economia reage apresentando maior produtividade, isso significa que haverá maior oferta de produtos e serviços para atender à demanda que foi aquecida pelo aumento da massa de rendimentos do trabalhador.
ACHATAMENTO
Agora mesmo estamos experimentando um processo terrível de achatamento da massa de rendimentos do brasileiro, seja pelo processo inflacionário, seja pela menor recomposição salarial, pois não dá para crescer a massa de rendimentos do trabalhador se não houver ganho de produtividade, com consequente aumento de PIB.
Vejamos que a regra para recompor o salário mínimo – a fórmula de reajuste – leva em conta o crescimento do país, relativamente aos dois anos anteriores. Portanto, se não há crescimento ou o crescimento é pífio, o reajuste também é pífio.
É uma questão técnica redundante – se não há ganho de produtividade pelo qual se dá o crescimento da economia, não há elevação salarial acima da inflação.
E se não há crescimento econômico, qualquer ganho real engessa o mercado de trabalho, diminuindo ainda mais a produtividade e provocando o fenômeno que estamos testemunhando em nosso país – a desindustrialização e a substituição dos produtos brasileiros pelos importados da Ásia.
Por isso, os ganhos dos salários já estão decrescendo, porque sem aumento de produtividade fica insustentável manter qualquer política robusta de reajustes salariais.
SEM REFORMAS
Como o governo petista, por falta de projeto de governo, não promoveu as reformas que a economia do país necessita, especialmente a tributária, não houve a possibilidade do país apresentar ganhos de produtividade – especialmente no setor industrial.
Em consequência, os reajustes foram se tornando cada vez menores por causa da falta de crescimento da economia (leia-se: falta de ganho de produtividade). E é isso que o economista Armínio Fraga está denunciando sobre o atual governo e que tem de ficar claro como a neve.
Com base no custo apurado para a cesta de São Paulo e levando em consideração a
determinação constitucional estabelecendo que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor necessário. Em maio deste ano, o salário necessário para a família deveria ser de R$ 3.079,31, ou seja, 4,25 vezes o mínimo em vigor, de R$ 724,00.
Não há fórmula mágica para tirar o povo dessa escravidão e atender às suas necessidades mais básicas e elementares. A economia precisa retomar urgentemente o crescimento. É a única saída.
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