"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

QUEM MANDA E QUEM OBEDECE

O governo anuncia novo aumento de tributos, agora sobre as bebidas frias, tais como as cervejas, refrigerantes e a água - esta última estaria livre, por enquanto - e sobre os cosméticos. Ainda que se possa acreditar que a mordida ficará nisto, o ato irá gerar, inexoravelmente, inflação e desconforto.

Ora, não se pode elevar a já imensa carga tributária sem uma explicação detalhada ao contribuinte sobre a necessidade desse ou daquele aumento, afora os sucessivos recordes de arrecadação. A par de sua inerente autonomia, os representantes precisam dividir, justificar essas decisões aos donos do poder - os contribuintes - mostrando que não há outra maneira de resolver o problema de caixa, com redução de custos ou reorganização da máquina estatal.

Exemplo: nos EUA, com uma população de 300 milhões de habitantes, há 7 mil cargos em comissão; na Inglaterra, que tem uma população de 50 milhões de habitantes, há 500 cargos em comissão; na França e na Alemanha, que têm 65 milhões e 81 milhões de habitantes respectivamente, há apenas 300 cargos em comissão. No Brasil, que conta hoje 200 milhões de habitantes, há 600 mil cargos em comissão.

É de duvidar que não se possa racionalizar esse número, com melhora das contas públicas e absorção dessa massa de trabalho no mercado. De outro lado, o governo resiste em acreditar na chamada Curva de Laffer, pela qual a redução dos tributos, quando a carga é muito alta, pode significar aumento de arrecadação, como provou o município de Canoas, por duas vezes.

É necessária uma mudança geral de mentalidade, pois o mandato conferido ao governante não é uma carta-branca, nem o contribuinte é mero coadjuvante na tributação ou na organização estatal. Ele é o dono do poder, que paga a conta e para quem deve reverter o produto da arrecadação. Merece, por isso, atenção proporcional à sua importância, e lhe são devidas explicações e bom tratamento.

09 de maio de 2014
Milton Terra, Zero Hora

Nenhum comentário:

Postar um comentário