"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

PETROBRAS PAGOU POR REFORMA NÃO FEITA EM CONVENTO: EX-DIRETOR VIROU DEPUTADO



Gerente de Comunicação Institucional da Petrobras no Nordeste, em 2007, quando a estatal concedeu patrocínio para a restauração do Convento de Santo Antônio, na cidade de Cairu, no baixo sul baiano, o deputado estadual Rosemberg Pinto, líder do PT na Assembleia Legislativa, nega ter conhecimento dos trâmites que envolveram a escolha do projeto para receber o benefício.

De acordo com a Controladoria-Geral da União, houve favorecimento na escolha da beneficiada, que causou prejuízo de R$ 4,2 milhões ao erário. A CGU verificou por amostragem que 26% dos serviços foram completados, enquanto relatórios da petrolífera asseguram que o trabalho foi 100% concluído.
O repasse foi feito entre 2005 e 2009. “Não estou a par do caso e nem lembro. Saí da Petrobras há oito anos, até já me aposentei”, justificou o parlamentar, braço-direito do ex-presidente da companhia e atual secretário de Planejamento do Estado, José Sérgio Gabrielli, em entrevista ao Bahia Notícias.

O parecer da CGU (veja aqui) apontou privilégios para a entidade e a empresa responsáveis pelo projeto, respectivamente, a ONG Grupo Ecológico Humanista Papamel (Própagulos prum Ambiente Ecologicamente Legal) e a construtora subcontratada Patrimoni, fundada pouco antes da assinatura dos contratos com a petrolífera. A controladoria reuniu uma série de e-mails entre os responsáveis pela restauração e a Gerência de Comunicação Institucional da estatal, que indicam "claramente o direcionamento na seleção da entidade proponente".

A troca de mensagens eletrônicas ocorre antes da assinatura dos contratos, cujo signatário, por parte da Petrobras, é o gerente-executivo de Comunicação Institucional, Wilson Santarosa.
Segundo o petista, os contratos relacionados à restauração eram executados pelo departamento de comunicação do Rio de Janeiro. “Eu não participei de nenhuma negociação. É claro que lembro que teve restauração do Convento, mas isso não passou por mim. Quem resolve isso é o pessoal do Rio de Janeiro. É melhor procurar a Petrobras, eu nem trabalho mais lá e não tenho como dar informações”, esquivou-se o chefe do partido do governador Jaques Wagner na AL-BA.

 
No anúncio do patrocínio, o deputado, então gerente institucional da estatal, foi fonte de uma reportagem sobre a restauração publicada pela própria Agência Petrobras, no dia 5 de janeiro de 2007 (veja aqui).
 
No texto, ele informou que “a comunidade local pediu que fosse mantida a finalidade religiosa do convento, para culto e eventos, bem como a preservação da área destinada à residência dos frades". “O convento é um espaço para uso da comunidade, com fins sociais e religiosos. O projeto prevê a montagem de toda uma infraestrutura adequada à visitação turística, tanto ao convento quanto à igreja, sempre em comum acordo com a comunidade dos frades”, explicara.

Em 5 de junho de 2009, em matéria publicada pelo Jornal da Metrópole sobre o estado das obras, que até hoje estão inacabadas, o petista também é citado pelo frei Lucas Dolle, então integrante da Diocese de Cairu e morador do convento. O religioso, que morreu em fevereiro do ano passado em um acidente de carro na BR-101, próximo a Valença, afirmou à Metrópole que solicitou por escrito R$ 100 mil ao parlamentar, em 2006, quando ele visitava a região. "Pedi a verba para tentar melhorar a situação da igreja e, após algum tempo, Rosemberg respondeu que daria o restauro todo", relatou Dolle na época.

Ao ser questionado sobre os fatos narrados pelo frei, o parlamentar sugeriu que o Bahia Notícias se dirigisse a ele e, embora esquecido dos detalhes que envolveram a restauração, lamentou sua morte – "oh, ele morreu? Não sabia". Em 2010, na campanha que o levou ao Legislativo baiano, Rosemberg Pinto foi o segundo deputado estadual mais votado em Cairu, onde obteve 11,5% dos votos válidos.

09 de abril de 2014
Evilásio Júnior / Luana Ribeiro / Bahia Notícias

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