Dilma atrasa em 60 dias a entrega de casas para 400 famílias. Motivo? Não tem agenda, mas não abre mão de fazer campanha antecipada.
17 de março de 2014
in coroneLeaks
Dilma não tem vergonha nem da propaganda forçada do PT na camiseta da beneficiária.
O prefeito de Pacatuba, José Alexandre Alencar (PROS), partido da base aliada de Dilma e comandado no Estado pelo governador Cid Gomes, diz que tudo está pronto para a "festa". A convidada de honra, porém, ainda não arrumou horário na agenda e, por isso, a visita e a entrega das casas ainda não ocorreu.
"Entendemos que a agenda da nossa chefe maior é uma loucura. Ela tem muita coisa para fazer no Brasil e no mundo. Está difícil conciliar", afirmou Alencar. O prefeito disse ter feito uma peregrinação na capital federal com o intuito de adiantar a data da inauguração e pediu a ajuda de um deputado, mas a expectativa é de que a solenidade oficial só ocorra em abril. Na quarta-feira, Dilma estará em Fortaleza, mas o empreendimento em Pacatuba ainda não entrou no roteiro oficial.
A presidente faz questão de estar presente nas inaugurações do Minha Casa, Minha Vida, principal programa de sua gestão. Nessas ocasiões, Dilma distribui beijos, tira foto com os beneficiários e ressalta o carro-chefe de sua administração.
Nos detalhes. O residencial Pacatuba será o primeiro empreendimento totalmente financiado pelo Banco do Brasil entregue no País. A instituição está acompanhando todos os detalhes para que a inauguração não seja de fachada.
No entanto, a insistência para que a presidente participe do convescote de inauguração faz com que a secretária de Assistência Social, Elisangela Campos, tenha de explicar todo dia às dezenas de famílias que recorrem ao órgão que a culpa do atraso da entrega não é da prefeitura. "Se ela (Dilma) puder vir, vai ser uma honra, mas, caso contrário, ela poderia mandar um representante", afirmou a secretária. "Precisamos entregar essas casas, todo mundo está cobrando e tem gente que acha até que o nome foi retirado da lista de beneficiados."
Beneficiária do programa, Carla Ferreira disse estar contando "as horas, os minutos e os segundos" para receber as chaves da nova casa. "Vou lá todo dia só para ficar olhando minha casa novinha. Fico olhando do lado de fora um tempão", afirmou. Atualmente separada e com um filho de 9 anos, Carla paga R$ 200 de aluguel, dinheiro que vai ser economizado quando se mudar de vez para o novo endereço.
A atendente Jevane de Sousa, com três filhos pequenos, teve a certeza de que receberia a casa no fim de janeiro, mas ainda não pode entrar na casa. Ela sugere uma solução para a incompatibilidade de agenda da presidente. "Ela poderia deixar a gente entrar na casa e depois, quando desse, viria nos visitar", disse a atendente. "A gente teria o prazer de receber a presidente dentro de casa, com tudo arrumadinho, com os móveis no lugar."
A falta de espaço na agenda da presidente também está retendo os planos de Bruna Sousa, agente administrativa que espera a entrega das chaves para dar prosseguimento aos planos de registrar no cartório civil uma união estável. "Como diz o ditado, quem casa quer casa", brincou. Atualmente, ela divide o aluguel do imóvel onde mora com um amiga. Assim que entrar na casa, tem planos de comprar os móveis usando o cartão do programa Minha Casa Melhor e, depois, casar. "Eu nem durmo direito pensando na hora que vou receber nossa casa."
Custos. Além de deixar ansiosos os beneficiários do programa, a demora para o lançamento do empreendimento tem custos para a construtora responsável pela obra. "Estamos preocupados com invasão. Não aguento mais, quero entregar essa obra logo", diz André Montenegro, dono da Morefácil. Ele afirma que a empresa gasta desde o início do ano R$ 60 mi por mês com vigilância e manutenção. Enquanto as casas não são entregues, a responsabilidade pelo empreendimento continua sendo da empresa. Cabe a ela, por exemplo, arcar com os reparos em caso de vandalismo provocado por invasões.
(Estadão)
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