Roberto Freire no Brasil Econômico: 'Pleno emprego' do PT é desmascarado pelo IBGE
Foto: Robson Gonçalves
Não foram os “pessimistas” enxovalhados pela presidente Dilma Rousseff ou os “nervosinhos” ridicularizados pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, os responsáveis pela desconstrução de uma das grandes falácias alimentadas pelo PT. O mito do “pleno emprego” se revelou uma peça de ficção devidamente desmentida pelos dados apresentados na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), divulgada não pelos partidos da oposição, mas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados apontam um índice de desocupação de 7,4% no segundo trimestre de 2013, bem acima do percentual registrado pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), de 5,8% em abril e maio e 6% em junho (média de 5,9%). No Nordeste, uma em cada dez pessoas procura vaga no mercado e não encontra. O Norte também aparece acima da média nacional, com 8,3% de desocupação. Em novembro do ano passado, a taxa medida pela PME chegou ao patamar de 4,6%, o que levou os arautos do lulopetismo a falarem em pleno emprego, como se isso fosse factível em um país cuja economia vem colecionando “pibinhos” ano após ano.
Ainda segundo a nova pesquisa do IBGE, um contingente de 61,3 milhões de brasileiros de 14 anos ou mais não trabalha nem procura ocupação. O número corresponde a 38,5% da população em idade para trabalhar de acordo com os critérios do instituto e equivale à soma de habitantes dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Mesmo se não levarmos em conta os menores de 18 anos e maiores de 60, há 29,8 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho, seja porque desistiram ou nem tentaram procurar emprego.
A pesquisa anterior do IBGE, adotada pelo governo para fazer proselitismo político, era menos abrangente e trazia dados referentes apenas às seis maiores regiões metropolitanas do país, com entrevistas em 44 mil domicílios. A Pnad Contínua tem uma amostra de 211 mil domicílios e alcança 3,5 mil municípios. Além disso, há diferenças sobre os conceitos de desocupação: a PME só considera desempregado quem está sem trabalho e procurou emprego nos últimos 30 dias, ao passo que, pela nova pesquisa, basta estar sem ocupação para fazer parte do índice de desemprego.
Outro legado perverso da era petista no comando do país é a “geração nem-nem”, formada por jovens que não trabalham nem estudam, que somavam 9,6 milhões em 2012 (19,6% da população entre 15 e 29 anos), segundo dados do IBGE divulgados no fim do ano passado. Já o número de brasileiros que não trabalhavam nem queriam ter um emprego chegou a 16,8 milhões em novembro de 2013, ante 15,8 milhões no mesmo mês do ano anterior.
Por fim, os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo próprio Ministério do Trabalho, apontam que o Brasil amargou, em 2013, o pior resultado na geração de empregos em dez anos, com a criação de 1,1 milhão de novos postos com carteira assinada (índice 14,1% inferior ao de 2012).
Como se vê, nem a poderosa máquina de propaganda do governo é capaz de iludir a população o tempo todo. A falácia do “pleno emprego”, construída meticulosamente com base em números escamoteados e levantamentos pouco abrangentes, foi desmascarada pela dura realidade vivida por milhões de brasileiros. Como há tempos vem alertando a oposição, desqualificada por Dilma e seus serviçais, o castelo de cartas do PT começou a ruir.
Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
27 de janeiro de 2014
Roberto Freire - Brasil Econômico
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