"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

EM PEDRINHAS (MA), LÍDERES DE FACÇÕES EXIGEM SEXO PARA EVITAR EXECUÇÕES


Pedrinhas tem capacidade para abrigar 1.700 detentos, mas já conta com 2.200 homens
Pedrinhas tem capacidade para abrigar 1.700 detentos, mas já conta com 2.200 homens (Divulgação/ Governo do Maranhão)
         

Mulheres e irmãs de detentos seriam obrigadas a manter relações sexuais para evitar que parentes encarcerados sejam assassinados

A barbárie no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís (MA), já chamou a atenção do Ministério Público Federal, que pediu informações sobre as condições no interior da unidade. Só neste ano, 58 detentos foram assassinados no local. Uma denúncia agrava a situação do presídio maranhense.

Segundo o juiz auxiliar da presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Douglas Martins, mulheres e irmãs de detentos de Pedrinhas estariam sendo obrigadas a manter relações sexuais com líderes de facções criminosas para evitar que os parentes encarcerados sejam assassinados. 
"É uma grave violação de direitos humanos", afirmou o magistrado, que também é coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário.

Martins esteve na sexta-feira passada no presídio e já havia comentado a situação calamitosa.
"A situação é aterrorizante. Os detentos não têm a mínima condição de higiene e sobrevivência, as celas não têm grades. Entre duzentos e trezentos presos dividem o mesmo pavilhão sem qualquer critério de separação", disse.
"Em algumas alas nós sequer pudemos entrar, porque os líderes das facções não permitiram a nossa presença e o grupo tático de policiais que nos acompanhava não garantia a nossa segurança."

Martins enviará, nos próximos dias, um relatório contendo as informações sobre o presídio — inclusive os estupros de parentes de presos — ao presidente do Conselho Nacional de Justiça e a Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF). Após a visita ao complexo penitenciário, o juiz Martins cobrou providências do governo do Maranhão.

Leia mais: Batalha entre presos deixa 9 mortos em cadeia no MA

Na semana passada, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já havia encaminhado um ofício à governadora Roseana Sarney pedindo informações atualizadas sobre a situação do sistema carcerário no Estado, dando-lhe três dias para responder.
O procurador avalia pedir intervenção federal no local. Dias antes, cinco presos haviam sido mortos durante uma briga — três deles foram decapitados.

Conforme informações divulgadas nesta segunda-feira pelo CNJ, em Pedrinhas não há espaço adequado para visitas íntimas, que acabam ocorrendo no meio dos pavilhões, já que as grades das celas foram depredadas. O governo do Maranhão já decretou situação de emergência no sistema carcerário e pediu apoio da Força Nacional de Segurança.

"Por exigência dos líderes de facção, a direção da casa autorizou que as visitas íntimas acontecessem no meio das celas. Sou totalmente contrário à prática e pedi providências ao secretário da Justiça e da Administração Penitenciária (Sebastião Uchôa), que prometeu acabar com a prática em Pedrinhas", disse o juiz.

Leia ainda: PGR deve pedir interdição de presídio após decapitações

Lotação – Pedrinhas, o maior complexo de penitenciárias do Maranhão tem capacidade para abrigar 1.700 detentos. Hoje, 2.200 homens ocupam o local. 

Após a rebelião ocorrida em outubro, que deixou dez mortos, a governadora Roseana Sarney prometeu construir em seis meses dez unidades prisionais, uma na capital e nove no interior, para tentar separar presos de facções rivais. 

O plano emergencial anunciado por Roseana executou até agora apenas o processo de terraplanagem em algumas áreas onde futuramente serão erguidos os novos presídios.

25 de dezembro de 2013
Veja
(com Estadão Conteúdo)

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