Não sei onde todos estão com a cabeça. Os nomes citados até agora não chegam nem aos pés daquele que foi realmente o nosso político mais infame — aquele diante de quem até o Petyr Baelish seria um articulador completamente inepto e um exemplo brilhante de probidade moral:
O senador gaúcho José Gomes Pinheiro Machado foi talvez o político mais poderoso da República Velha, e por conseguinte o que elaborou as mais variadas e descaradas maracutaias para manter e expandir esse poder:
- Apoiou a tentativa de golpe de Deodoro em 1891 e os vários golpes de Júlio Prates de Castilhos no Rio Grande do Sul — além de ter lutado ao seu lado na Revolução Federalista.
- Quando Campos Salles inaugurou a “Política dos Governadores”, ele foi um dos seus principais arquitetos dessa política, articulando-a com as cúpulas partidárias e governos estaduais e obtendo enormes benefícios em consequência.
- “Dono” da Comissão Verificadora de Poderes no Congresso, ele tinha efetivamente o poder de barrar a posse de qualquer congressista eleito que não lhe conviesse, tendo transformado o que já era uma das instituições mais autoritárias da República Velha como um instrumento de seus interesses pessoais.
- Enquanto o Marechal Hermes da Fonseca conseguiu se eleger graças ao seu nome e patente (além do aparato eleitoral fraudulento), quem realmente dava as cartas durante seu governo era Pinheiro Machado. Nada menos que seis guerras civis foram travadas em quatro estados diferentes por sua iniciativa, visando usar forças federais defender os governos estaduais aliados contra rebeldes oposicionistas de maneira a garantir currais eleitorais suficientes para uma maioria no Congresso. Tal foi o “Furacão Salvacionista”.
- Chefiou o Partido Republicano Conservador, um dos poucos partidos a nível federal da República Velha, que inicialmente era um composto por oposicionistas da “Política do Café com Leite”. A questão é que o país nessa época não estava dividido em governo e oposição, mas em apoiadores e adversários de Pinheiro Machado — e o PRC acabou servindo para apoiar o governo Fonseca ao mesmo tempo que o isolava de seus aliados militares que desejavam expandir sua influência na política nacional e inclusive apoiavam a derrubada de governos estaduais pinheiristas.
Bombardeio na Bahia — um oferecimento do Senador Pinheiro Machado.
06 de novembro de 2021
, Bacharelado Relações internacionais, Universidade Estadual Paulista - UNESP (2022)
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