Conforme foi divulgado na semana passada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) não
surpreendeu, pois já estava dentro das expectativas do mercado.
O país está na sua recuperação pós-recessão, a mais lenta e dolorosa da nossa história. Com este quadro, é natural que surjam especulações: Será que o país sequer saiu da recessão? Será que está num quadro prolongado de estagnação? Ou está à beira da depressão?
Diante de um cenário de incertezas que estamos vivendo, a economia encolheu 0,2% entre janeiro e março deste exercício na comparação com o quarto trimestre do ano passado, após oito trimestres consecutivos de pequena expansão ou estabilidade.
É importante salientar que os dados iniciais do segundo trimestre seguem ruins e as projeções, por enquanto, para este ano, apontam para um crescimento em torno de 1%, abaixo do avanço de 1,1% visto em 2018.
A falta de definição sobre a reforma da Previdência, e as decorrentes dúvidas sobre o rumo da economia, são os principais motivos.
Na realidade, ainda não existe um consenso formado do que é recessão. Dois trimestres sucessivos em que o PIB apresenta-se em queda, caracterizam um quadro que, por convenção, é denominado de “recessão técnica”.
Diante dessa condição, o Brasil passou raspando por ela, uma vez que o PIB recuou 0,2% no primeiro trimestre de 2019 e só cresceu 0,1% no último trimestre de 2018. Se a recessão técnica é uma classificação absolutamente técnica (duas quedas consecutivas do PIB), é recomendável examinar um conjunto bem maior de indicadores para se obter uma melhor definição de que a economia realmente entrou num “clássico” ciclo recessivo. Portanto, não se deve levar somente em consideração o resultado do PIB, mas é indispensável avaliar o desemprego, a produção industrial, a confiança da classe empresarial e dos consumidores, entre outros, para poder se comprovar com boa margem de segurança que um país entrou efetivamente em recessão.
A economia brasileira saiu recentemente de um período de contração bastante cruel. Diante deste cenário, fortemente aliado a um baixo crescimento, arrisco dizer que a palavra mais adequada que resume melhor a nossa situação atual, ainda é, uma “estagnação” prolongada.
Nesta fase que estamos atravessando, nota-se que os indicadores econômicos tanto avançam como também recuam, porém, de modo geral, a economia vem sinalizando uma leve movimentação de ganhos e perdas.
Os analistas econômicos, em função da apatia econômica predominante, não afastam o risco de o país entrar num período de depressão, aliás uma situação perigosíssima, caracterizada não apenas pela queda do PIB como igualmente por acentuada elevação do desemprego e uma forte deterioração na renda do trabalhador.
Um bom exemplo de uma depressão econômica é a Grécia. Seu PIB encolheu durante cinco anos consecutivos e o desemprego atingiu níveis alarmantes.
A aprovação da reforma previdenciária sem dúvida é uma condição vital, entretanto, ela não é suficiente para que a atividade econômica volte a crescer: além do incentivo ao investimento provocado pelo restabelecimento da confiança, a reforma abre um canal interessante para a possibilidade na implementação de estímulos monetários.
No médio e longos prazos, é essencial também que sejam realizadas reformas microeconômicas. O que não comporta de forma alguma é, no afã de acelerar a recuperação, retornar ao voluntarismo fiscal e aos desmandos das intervenções nas estatais que contribuíram significativamente para nos deixar no “buraco” em que estamos.
Outro ponto importante é que a economia mundial está desacelerando em um ritmo mais forte do que previamente imaginado, com a escalada da tensão entre os Estados Unidos e seus principais parceiros comerciais, como a China e o México, derretendo a confiança de empresários e consumidores ao redor do planeta.
Os impactos já estão sendo sentidos no Brasil, de acordo com a forte contração das exportações observada nos dados do PIB (queda anualizada de 7,4%).
Mais do que nunca, precisamos imediatamente de duas coisas: a aprovação mais rápida possível da reforma Previdenciária com boa potência fiscal e a estabilidade política do governo.
Esses elementos serão os primeiros passos diante de outras reformas imprescindíveis para o país poder avançar, proporcionando o crescimento econômico dos próximos anos.
Ou o presidente busca um real equilíbrio político, construindo uma coalizão que assegure o andamento da sua agenda política ou a economia vai continuar padecendo até, por que, não existe milagre para a prosperidade.
12 de junho de 2019
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).
O país está na sua recuperação pós-recessão, a mais lenta e dolorosa da nossa história. Com este quadro, é natural que surjam especulações: Será que o país sequer saiu da recessão? Será que está num quadro prolongado de estagnação? Ou está à beira da depressão?
Diante de um cenário de incertezas que estamos vivendo, a economia encolheu 0,2% entre janeiro e março deste exercício na comparação com o quarto trimestre do ano passado, após oito trimestres consecutivos de pequena expansão ou estabilidade.
É importante salientar que os dados iniciais do segundo trimestre seguem ruins e as projeções, por enquanto, para este ano, apontam para um crescimento em torno de 1%, abaixo do avanço de 1,1% visto em 2018.
A falta de definição sobre a reforma da Previdência, e as decorrentes dúvidas sobre o rumo da economia, são os principais motivos.
Na realidade, ainda não existe um consenso formado do que é recessão. Dois trimestres sucessivos em que o PIB apresenta-se em queda, caracterizam um quadro que, por convenção, é denominado de “recessão técnica”.
Diante dessa condição, o Brasil passou raspando por ela, uma vez que o PIB recuou 0,2% no primeiro trimestre de 2019 e só cresceu 0,1% no último trimestre de 2018. Se a recessão técnica é uma classificação absolutamente técnica (duas quedas consecutivas do PIB), é recomendável examinar um conjunto bem maior de indicadores para se obter uma melhor definição de que a economia realmente entrou num “clássico” ciclo recessivo. Portanto, não se deve levar somente em consideração o resultado do PIB, mas é indispensável avaliar o desemprego, a produção industrial, a confiança da classe empresarial e dos consumidores, entre outros, para poder se comprovar com boa margem de segurança que um país entrou efetivamente em recessão.
A economia brasileira saiu recentemente de um período de contração bastante cruel. Diante deste cenário, fortemente aliado a um baixo crescimento, arrisco dizer que a palavra mais adequada que resume melhor a nossa situação atual, ainda é, uma “estagnação” prolongada.
Nesta fase que estamos atravessando, nota-se que os indicadores econômicos tanto avançam como também recuam, porém, de modo geral, a economia vem sinalizando uma leve movimentação de ganhos e perdas.
Os analistas econômicos, em função da apatia econômica predominante, não afastam o risco de o país entrar num período de depressão, aliás uma situação perigosíssima, caracterizada não apenas pela queda do PIB como igualmente por acentuada elevação do desemprego e uma forte deterioração na renda do trabalhador.
Um bom exemplo de uma depressão econômica é a Grécia. Seu PIB encolheu durante cinco anos consecutivos e o desemprego atingiu níveis alarmantes.
A aprovação da reforma previdenciária sem dúvida é uma condição vital, entretanto, ela não é suficiente para que a atividade econômica volte a crescer: além do incentivo ao investimento provocado pelo restabelecimento da confiança, a reforma abre um canal interessante para a possibilidade na implementação de estímulos monetários.
No médio e longos prazos, é essencial também que sejam realizadas reformas microeconômicas. O que não comporta de forma alguma é, no afã de acelerar a recuperação, retornar ao voluntarismo fiscal e aos desmandos das intervenções nas estatais que contribuíram significativamente para nos deixar no “buraco” em que estamos.
Outro ponto importante é que a economia mundial está desacelerando em um ritmo mais forte do que previamente imaginado, com a escalada da tensão entre os Estados Unidos e seus principais parceiros comerciais, como a China e o México, derretendo a confiança de empresários e consumidores ao redor do planeta.
Os impactos já estão sendo sentidos no Brasil, de acordo com a forte contração das exportações observada nos dados do PIB (queda anualizada de 7,4%).
Mais do que nunca, precisamos imediatamente de duas coisas: a aprovação mais rápida possível da reforma Previdenciária com boa potência fiscal e a estabilidade política do governo.
Esses elementos serão os primeiros passos diante de outras reformas imprescindíveis para o país poder avançar, proporcionando o crescimento econômico dos próximos anos.
Ou o presidente busca um real equilíbrio político, construindo uma coalizão que assegure o andamento da sua agenda política ou a economia vai continuar padecendo até, por que, não existe milagre para a prosperidade.
12 de junho de 2019
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).
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