A escolha do delegado Maurício Valeixo para a diretoria-geral da Polícia Federal demonstra a intenção do futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, de focar nas grandes operações de combate à corrupção. Ontem, Moro confirmou também a delegada Érika Marena, superintendente da PF em Sergipe, como próxima chefe do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI).
“Valeixo tem a missão de fortalecer a PF e que a PF possa direcionar as investigações com foco em combate à corrupção e ao crime organizado. São desafios, mas é uma pessoa plenamente capacitada”, disse Moro ao anunciar o nome no comitê de transição do governo em Brasília.
CURRÍCULO – Aos 51 anos de idade, o delegado Maurício Leite Valeixo, futuro diretor-geral da Polícia Federal (PF), é uma especialista em combate ao narcotráfico internacional e em ações de inteligência policial. Com mais de 20 anos de corporação, o escolhido pelo futuro ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro atuou nos dois maiores casos da carreira do ex-magistrado, a Operação Banestado e a Operação Lava Jato.
Sob o comando de Daiello, Valeixo foi o número 3 na hierarquia da corporação, como diretor da Diretoria de Combate do Crime Organizado (Dicor), área considerada chave para a gestão de Moro no governo Bolsonaro. Permaneceu no cargo entre 2015 até o fim de 2017.
MISSÕES – O futuro diretor-geral assumirá o posto com as missões de fortalecer a PF, com foco no combate à corrupção e ao crime organizado, livrá-la de ingerências políticas e com autonomia para investigar quem quer que seja.
“A Polícia Federal não está para atender ao governo, ela está para atender o Estado brasileiro, para atender a sociedade brasileira”, afirmou Valeixo, em palestra dada em março deste ano, em Curitiba. O delegado defendia a necessidade de instituições “fortes, independentes e republicanas” ao explanar sobre o papel da PF.
Formado em Direito pela PUC do Paraná, a relação de Valeixo com o ex-juiz da Lava Jato é antiga. Em 2003, era ele que comandava o inquérito da força-tarefa do Caso Banestado, primeiro grande trabalho das recém-criadas varas especializadas de lavagem de dinheiro no País – uma delas a de Curitiba, comandada por Moro.
CASO FAVRETO – Foi Valeixo quem decidiu seguir as ordens de Moro em 8 de julho, que contrariaram despacho do desembargador plantonista do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) – a segunda instância da Lava Jato – Rogério Favreto para soltar Lula.
Em pelo domingo, Favreto expediu duas decisões que foram posteriormente derrubadas pelo presidente da Corte, Thompson Flores, e pelo relator da Lava Jato, João Pedro Gebran Neto. O caso está sob investigação em inquérito que chegou ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Valeixo foi delegado da Polícia Civil, integrou o Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre), ante de entrar para a PF.
23 de novembro de 2018
Deu no Estadão
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