O ex-ministro Ciro Gomes afirmou ser o único candidato, que, se eleito, pode tirar Lula da cadeia e enquadrar juízes que o condenaram. A afirmação é surpreendente, conforme matéria de Daniel Guilino, edição de ontem de O Globo, que destacou essa afirmativa singular. O fato tornou-se manchete principal de O Estado de São Paulo, reportagem de Gilberto Amêndola. A opinião do ex-governador do Ceará, pelo destaque que teve, vai gerar reações fortes em vários setores sobretudo no universo judicial do país, pois atinge diretamente os juízes que o condenaram e também os tribunais que rejeitaram os recursos até agora dirigidos pelos advogados do ex-presidente da República.
Falei em trapézio político, sobretudo porque os trapezistas fazem manobras espetaculares mas protegidos, como é natural, por redes que os amparam em caso de o exercício não dar certo, uma vez que o erro seria mortal.
SEM RETORNO – Acentue-se que a iniciativa de Ciro Gomes, candidato pelo PDT, é um lance de dados sem retorno. Ele foi ao encontro das correntes lulistas que se encontram órfãs de um candidato próprio do PT. Não tem linha de recuo, pois suas declarações não dão margem a dúvida alguma e sintetizam uma disposição que, aparentemente tem como meta o caminho das urnas de 7 e 28 de outubro.
Ciro Gomes jogou para arrebatar o potencial de votos que Lula possui, mas do qual não poderá dispor para si, uma vez que sua candidatura tornou-se inviável pelas barreiras da lei eleitoral. O ex-governador do Ceará assumiu o caráter de adepto de Lula, posição de risco que assumiu diante do eleitorado brasileiro.
Ciro está ao lado de Lula, mas Lula estará ao lado dele? É possível que antes de a matéria publicada em O Globo e no Estado de São Paulo ele tenha mantido entendimento com o líder do PT. Neste caso, tal situação representa uma escolha em seu favor defendida pelo ex-presidente.
ACENO AO PT – No caso de a iniciativa ser singularmente de Ciro, aí então trata-se de um aceno à fração de 30% dos eleitores do país, de acordo com todas as pesquisas do Ibope e Datafolha.
Ao iluminar seu propósito de colocar Lula em liberdade, Ciro Gomes foi além de uma manifestação partidária, tendo como objetivo a conquista de votos. Ele atacou fortemente o Poder Judiciário do Brasil, na medida em que disse que, se eleito, libertará Lula da prisão, além de enquadrar magistrados. Um absurdo. Como é possível um candidato à Presidência afirmar sua disposição de simplesmente desconhecer as decisões da Justiça, e, ainda por cima ameaçar juízes de enquadramento em regras que a legislação não prevê?
Ciro Gomes desencadeou uma tempestade que coloca sob risco as instituições políticas e jurídicas brasileiras. Vamos ver como o PT reagirá à iniciativa.
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QUESTÃO A SER DECIDIDA PELO TSE
QUESTÃO A SER DECIDIDA PELO TSE
Constitui uma questão a ser decidida pelo Tribunal Superior Eleitoral o fato de um partido coligar-se de uma forma na esfera federal e outra na área estadual.
Por exemplo: o PR de Valdemar Costa Neto uniu-se com o Centrão e vai se coligar com o PSDB. Perfeito. O tempo na televisão no horário eleitoral será dividido com base nas bancadas partidárias na Câmara dos Deputados.
E se na área estadual, o PR coligar-se com o PT de Minas Gerais. A pergunta é a seguinte: como será a divisão do acesso a televisão para o estado de Minas Gerais?
O presidente do TSE, ministro Luis Fux, precisa baixar uma norma regulando a matéria de forma concreta e definitiva. Tem de fazer isso imediatamente porque a campanha eleitoral inicia-se antes dele passar o cargo para a Ministra Rosa Weber.
26 de julho de 2018
Pedro do Coutto
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