"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 24 de junho de 2018

JAIR BOLSONARO PODE ESTAR AGINDO CERTO AO FUGIR DOS DEBATES NO PRIMEIRO TURNO

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Charge do Paixão (Gazeta do Povo)
Na chamada Era do Rádio, os debates entre candidatos não tinham muita repercussão. A moda começou mesmo já na Era da TV, em 1960, quando a CBS exibiu o famoso cara a cara entre o senador democrata John Kennedy e o vice-presidente republicano Richard Nixon. Quem ouviu pelo rádio deu vitória a Nixon, quem assistiu pela TV preferiu Kennedy, que tinha tudo para perder – era pouco conhecido, inexperiente e católico, enquanto Nixon era vice do presidente Eisenhower, experiente, protestante da seita radical quaker e notório anticomunista.
É claro que não foi o debate que deu a vitória a Kennedy, mas ajudou um pouco. E desde aquela época os debates pela TV passaram a ser muito importantes, praticamente decisivos.
MATRIZ E FILIAL – Lá na Matriz, os debates são sagrados, não se pode faltar. Aqui na Filial, a coisa ainda é meio bagunçada. Em 1985, por exemplo, Tancredo Neves se recusou a participar de debates contra Paulo Maluf e se deu bem, pois conseguiu vencer a eleição indireta. E de lá para cá, muitos outros candidatos faltaram aos debates e venceram as eleições.
Entrando na reta final, noticia-se que o candidato Jair Bolsonaro não pretende participar de debates com outros postulantes à Presidência. O deputado do PSL já faltou a alguns eventos em que teria a companhia de adversários e pode prolongar a estratégia até o fim da eleição.
LULA E DILMA – Não há novidade. Em 2006, favorito da eleição, o petista Lula da Silva deixou de participar, no primeiro turno, do debate promovido pela TV Globo. Foi chamado pelos adversários de “corrupto”, “traidor” e “covarde”, mas não estava nem aí. E foi vitorioso.
Em 2010, a candidata Dilma Rousseff também faltou ao embate promovido no primeiro turno pela TV Gazeta e o jornal “O Estado de S.Paulo”. Foi chamada de “blefe”, candidata “inventada” e “invenção marqueteira”. Dilma também deixou de participar de embates promovidos pelas TV Canção Nova e Rede Aparecida de TV — em parceria — e pelos portais IG, MSN, Terra e Yahoo! Também venceu a eleição.
EM 2014 – Quatro anos depois, Dilma faltou a um debate, Marina Silva também. Já em São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, candidato ao governo, não compareceu ao debate da TV Bandeirantes, também no primeiro turno, e alegou problemas de saúde.
No Rio, os candidatos ao governo Luiz Fernando Pezão e Marcelo Crivella desistiram, no segundo turno, de participar de um debate na TV Record. Crivella também faltou a debates em 2016, quando disputou a prefeitura do Rio contra Marcelo Freixo, do PSOL.
Na eleição atual, a diferença é que Bolsonaro não quer ir a nenhum debate no primeiro turno. A meu ver, a estratégia de recusar os debates é errada, mas posso estar errado, sobretudo porque, com um número enorme de candidatos, esses debates são chatíssimos, cheios de regras e tarde da noite, poucos telespectadores aguentam assistir. A meu ver, Bolsonaro não perderá eleitores se comparecer ou se faltar, porque seu apoio me parece firme e consolidado. Mas posso star errado. 
P.S. – Para valer mesmo, só os debates mano a mano de segundo turno. É aí que mora o perigo. (C.N.)

24 de junho de 2018
Carlos Newton

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