Aqui em BH, nos Postos de Saúde nos atendem muito bem. Todos (médicos, enfermeiras e pessoal de apoio). E tem também uma coisa muito importante: você é tratada como trata as pessoas. Gentileza gera gentileza.
Sou adepta da prevenção: se vc cuidar da saúde, não precisará tratar da doença. Sempre que preciso, marcar consulta, não demora mais que 5 ou 6 dias. E se por algum motivo vc precisar desmarcar, pode fazer por telefone. Os exames laboratoriais são feitos lá mesmo, assim como o preventivo do câncer de colo de útero. Até dentista é no posto que vou.
HÁ PROBLEMAS – O SUS é considerado um exemplo no mundo inteiro. É claro que há muitos problemas, mas esses problemas, na maioria das vezes, são causados pelos governos estaduais e federais, teimam em não fazerem o repasse que lhes cabe, tendo as prefeituras que arcar sozinhas.
O SUS não é lixo não!!! Lixo são os planos de saúde, que cobram caríssimo (meu marido paga quase mil reais todos os meses), marcam consulta só para daí ai 1 ou 2 meses. E quando tem cirurgia, quanto mais puderem, eles enrolam e empurram com a barriga. Meu marido tem Unimed e eu sei bem o que estou falando. Quando a gente vai marcar consulta, a moça pergunta logo se é particular ou convênio. Quando vc diz que é convênio, ela fala: “só tem para tal dia”, e esse tal dia é no mês seguinte ou no próximo.
PODERIA SER MELHOR – Fico triste quando vejo alguém falando assim tão mal do SUS. Eu só tenho coisas boas para falar. Uma das poucas coisas que ainda funcionam no país é o SUS. Poderia ser melhor, se não houvesse tanta corrupção, tanto roubo e desvios de verba.
Sempre fui muito bem atendida tanto no meu posto, quanto nos locais onde sou encaminhada para fazer exames. O meu último exame de vista foi feito na Santa Casa. Lá os exames são feitos pelos médicos residentes, sob a supervisão dos preceptores, que são os melhores oftalmologistas de Minas Gerais.
Já fiz duas cirurgias para retirar pólipos no endométrio. Na última, ela já estava marcada, mas não fui fazer pq meu marido adoeceu e teve que fazer uma cirurgia de emergência. Fiquei com ele no hospital e achei que tinha perdido a oportunidade.
UMA SURPRESA – Pois bem, algum tempo depois, estava em minha casa na Bahia, quando tocou o celular e era da Secretaria da Saúde, a moça queria saber por que não fiz a cirurgia que tinha sido marcada. Expliquei a ela o acontecido e disse que, como havia passado do prazo, pensei que tinha perdido a vez e até me esqueci. No que ela falou: “Mas nós não nos esquecemos da senhora. Marcamos uma consulta pré-operatória para a senhora no dia 7 de março, uma terça-feira. A senhora poderá comparecer?”.
Pedi a ela um tempo, pois precisava consultar meu filho. Ele disse que a gente poderia voltar a BH no domingo. Dei a resposta à moça. Cheguei em BH na segunda, na terça fui à consulta. Na quarta-feira fiz todos os exames necessários e na segunda-feira operei.
NÃO É LIXO – Então, me desculpe, mas se você não conhece, nunca usou, não se deixe levar por reportagens tendenciosas e não chame de lixo.
Procure conhecer o posto de saúde de sua região, do seu bairro. Participe das reuniões do Conselho de Saúde. Não sei como funciona aí onde você mora, mas aqui em BH, contamos, em cada Posto de Saúde, com o Conselho Local de Saúde, que é “um órgão colegiado, de caráter permanente e deliberativo, integrante à unidade de saúde e que tem poder de decisão, participação e colaboração efetiva nos programas e ações que são desenvolvidas em cada unidade de saúde”.
Esse Conselho “é composto de forma paritária, entre os três seguimentos representativos de área de saúde; 50% Usuário, 25% Trabalhador em saúde 25%, Gestores e Prestadores de serviços de saúde”.
DIÁLOGO – E esse Conselho é importante porque “ele é um espaço que permite o diálogo entre as partes, possibilitando o reconhecimento da realidade vivida pelos trabalhadores em saúde, administradores, usuários e a sua relação com o sistema Único de Saúde e a Rede Municipal.”
Aqui no Posto do meu bairro, as reuniões acontecem na primeira segunda-feira de cada mês, às 18:30. E tem também o Conselho Distrital de Saúde. As reuniões, tanto do Conselho Local, quanto as do Conselho Distrital, são abertas e toda a comunidade deveria participar. Participo sempre e já fui até 2ª secretária do Conselho Local de Saúde, no posto do meu bairro. Só quando conhecemos, podemos emitir opinião e lutar por uma Saúde Pública de qualidade. O SUS é para todos.
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(O artigo foi enviado por Carmen Lins, que acaba de se inscrever no SUS e diz que “o diabo não é tão feio como dizem”. A autora é professora, nível superior, formada na PUC de Belo Horizonte)
(O artigo foi enviado por Carmen Lins, que acaba de se inscrever no SUS e diz que “o diabo não é tão feio como dizem”. A autora é professora, nível superior, formada na PUC de Belo Horizonte)
23 de abril de 2018
Hilma Becker
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