Em 9 de março de 1968, Delfim Netto ocupou boa parte da Primeira Página do Globo.
Ele era ministro da Fazenda e anunciava novas metas para engordar os cofres da ditadura.
Exatos 50 anos depois, o economista voltou a dominar as manchetes. Desta vez, como alvo da Operação Lava-Jato.
Ele era ministro da Fazenda e anunciava novas metas para engordar os cofres da ditadura.
Exatos 50 anos depois, o economista voltou a dominar as manchetes. Desta vez, como alvo da Operação Lava-Jato.
De acordo com as investigações, Delfim recebeu cerca de R$ 15 milhões das empreiteiras do consórcio de Belo Monte. A maior delas, a Odebrecht, registrou os repasses em seu sistema de propina. O ex-ministro aparece nas planilhas com o codinome “Professor”.
BUONA FORTUNA – A ação de sexta-feira foi batizada de Buona Fortuna, nome de uma das empresas de Delfim.
Os procuradores também encontraram depósitos numa firma de seu sobrinho. Eles dizem que ambos simularam serviços de consultoria para justificar os pagamentos.
Os procuradores também encontraram depósitos numa firma de seu sobrinho. Eles dizem que ambos simularam serviços de consultoria para justificar os pagamentos.
A Lava Jato já rondava o ex-ministro desde 2016, quando ele admitiu ter embolsado R$ 240 mil em espécie da Odebrecht. O economista disse ter recebido em dinheiro vivo por “pura conveniência”. A empreiteira ainda não havia fechado a sua megadelação.
Não é a primeira vez em que Delfim é acusado de levar propina na construção de hidrelétricas. Na década de 70, ele foi associado a mutretas em Água Vermelha e Tucuruí.
Mais tarde, seria personagem do escândalo Coroa-Brastel. O ex-ministro costuma desmerecer os casos como “velhas intrigas”.
Mais tarde, seria personagem do escândalo Coroa-Brastel. O ex-ministro costuma desmerecer os casos como “velhas intrigas”.
BONS ANTECEDENTES? – Ele diz que nunca foi condenado, o que é verdade. Falta lembrar um detalhe: na ditadura, não havia órgãos de investigação independentes. Além de censurar a imprensa, o regime sufocava as denúncias de corrupção.
Signatário do AI-5, Delfim alega até hoje que não sabia das torturas. Ele prefere ser lembrado como o pai do “milagre brasileiro”. Pilotou um período de forte crescimento, vitaminado com arrocho de salários e aumento da dívida pública. Sua última passagem pelo governo, como ministro do Planejamento, ficou marcada pela hiperinflação.
Aos 89 anos, o economista começa a prestar contas à Justiça. Seu velho amigo Paulo Maluf, de 86, está preso na Papuda. Nos dois casos, fica a impressão de que a polícia chegou atrasada, mas enfim chegou.
11 de março de 2018
Bernardo Mello Franco
O Globo
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