Até que enfim, no final da semana passada, saiu o tão esperado
resultado do PIB (Produto Interno Bruto) referente ao exercício 2017. Segundo o
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ele cresceu 1% após ter
recuado 3,5% em 2016 e 2015 sobre o ano anterior, mas ainda não repõe as perdas
da atividade econômica na crise, comprovando, dessa forma, a maior recessão da
história recente do país.
Estamos saindo da rota da crise e
trazendo alguma esperança na consolidação do processo de crescimento que
naturalmente tenderá a tornar-se cada vez mais abrangente. Além do crescimento
efetivo da nossa economia, também obtivemos maior número de importações e
exportações, redução acentuada da inflação e dos juros que foram dentre outras,
importantes conquistas que obtivemos no ano passado.
Inicialmente, vemos uns resultados bastante animadores, mas
ainda não podemos considerá-los sólidos como realmente gostaríamos que fossem.
Não estou apenas me baseando na queda progressiva da atividade econômica
brasileira durante dois anos; os números apresentados, de modo geral,
transparecem uma recuperação aparentemente consistente apesar de que eles se
diferenciam nitidamente de uma retomada acelerada do nosso crescimento
econômico.
A partir do momento em que o Brasil decidiu ressuscitar os
anos 70, lá pelos meados da década passada, surgem então como sinal de alerta
os riscos da experiência inconsequente que já tivemos a oportunidade de
vivenciar. Acho que o País não é, e nem tampouco deseja imitar a China, de
forma que não devemos esperar um avanço em nossa economia similar ao patamar
que a economia chinesa vem apresentando atualmente. Se, por acaso, tivéssemos
ido na direção de um robusto crescimento superior a 5% é que deveríamos estar
preocupados, mas diante de 1% que acabamos de conquistar, por enquanto, podemos
considerá-lo satisfatório.
Na verdade, a economia
brasileira cresceu nos quatro trimestres de 2017, sendo que nos últimos três
meses de 2017 o ritmo de expansão ganhou maior impulso, com taxa de crescimento
de 0,4%, após subir 0,1% no período anterior.
O setor de serviços avançou, mas em ritmo moderado (0,2% no quarto trimestre ante o trimestre anterior), com destaque para o comércio, que cresceu 1,8% no ano, seguido por atividades imobiliárias (1,1%), transporte, armazenagem e correio (0,9%). Já a indústria ficou praticamente estagnada no ano, porém mesmo assim conseguiu emplacar 0,5% no quarto trimestre em comparação com o terceiro. Neste caso, o ponto forte desse setor deve-se exclusivamente ao desempenho das indústrias extrativas (4,3%), infelizmente, contrastando com a nefasta queda na construção (-5%).
Em valores correntes, o PIB foi de R$ 6,559 trilhões. A taxa de investimento no período alcançou 15,6%, abaixo do percentual registrado no ano anterior (16,1%). Já a taxa de poupança melhorou de 14,8%, ante 13,9% registrados em 2016. O PIB per capita variou 0,2% em termos reais, alcançando a marca de R$ 31.587 no ano que passou.
Porém, sinto que ainda temos um longo caminho a percorrer até
gerar 12,7 milhões de empregos para aqueles ainda à procura de uma recolocação.
Na realidade, são mais de 26 milhões de brasileiros que não têm uma ocupação.
Leitura geral é que, de fato,
a economia está ganhando tração, mas o próximo governo terá que combater
frontalmente as mais terríveis distorções da economia, começando logo pela
Previdência, pois todas as incertezas estruturais existentes em 2017 até então,
possivelmente, seguirão presentes em 2018 e ainda não vemos elementos seguros
que venham a mudar para melhor as expectativas presentes.
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador)
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