A Cidade Maravilhosa e multicultural deu lugar a uma cidade com medo e permeada por violência e sangue. Não se respeita mais nada. Uma completa inversão de valores toma conta de suas ruas. Feiras de produtos roubados surgem em vários bairros. E os compradores não se imaginam criminosos. Assaltos, arrastões, quadrilhas bem armadas; balas perdidas e balas certeiras assassinam policiais e inocentes. Invasões de morros e favelas por quadrilhas rivais com tiroteios sem hora e lugar para acontecer tornaram-se banais. Policia despreparada e com salários irrisórios, armamentos insuficientes. A cada duas horas uma pessoa é ferida por bala na cidade. O ano de 2018 está começando e já temos mais de uma dezena de policiais assassinados. Ano passado, 2017 foram 137 os policiais mortos, dizem as estatísticas.
A cidade do Rio de Janeiro foi a capital política e cultural do Brasil. A crônica de seu cotidiano envolvia sol, samba, sorrisos, poesia e beleza. Tudo aqui tinha uma repercussão intensa pelo resto do país. E não faltavam criações e fatos que orgulhavam os cariocas. Sua gente, afável e acolhedora, andava pelas ruas esbanjando alegria. Suas esquinas e praias realçavam as características de um lugar que todo brasileiro sonhava conhecer e viver. Isso se foi. Hoje o Rio exporta um estilo de vida de violência e desordem. Seus moradores perderam a noção de crime.
Num sábado, voltando para a cidade, pela Avenida Brasil, na altura do bairro da Penha, inadvertidamente entrei na pista da direita. Já havia sido aconselhado para não cometer esse erro. Sei que engarrafamentos em determinados locais da cidade a chance de assalto por arrastão é múltipla. Como era sábado fui vencendo a retenção de tráfego, lento, não engarrafado. No bairro de Bonsucesso, dei de cara com inúmeros jovens que aparentavam idades de 16 a 22 anos de idade. No meio da pista, ofereciam aos motoristas celulares. Havia de todas as marcas, de todos os preços e modelos. Fiquei estupefato. Em plena luz do dia. No posto de gasolina onde parei a informação veio certeira: eram ambulantes de celulares roubados. E o pior: os motoristas paravam, se informavam do preço e negociavam.
Fiquei imaginando aquela cena vista por um policial. Fiquei imaginando aqueles carros, muitos com crianças dentro, e seus motoristas. Será que não seriam eles os assaltados e que agora negociavam ali a compra do seu próprio celular roubado? Fiquei imaginando que sociedade é essa cujos membros negociam preços de produtos roubados como se estivessem num comércio regular? Fiquei imaginando se a principal razão da cidade encontrar-se mergulhada numa violência sem limites não seria aquele tipo de morador ali parado negociando preço de celular roubado. Agora querem que o Exército resolva.
20 de fevereiro de 2018
Hildeberto Aleluia
A cidade do Rio de Janeiro foi a capital política e cultural do Brasil. A crônica de seu cotidiano envolvia sol, samba, sorrisos, poesia e beleza. Tudo aqui tinha uma repercussão intensa pelo resto do país. E não faltavam criações e fatos que orgulhavam os cariocas. Sua gente, afável e acolhedora, andava pelas ruas esbanjando alegria. Suas esquinas e praias realçavam as características de um lugar que todo brasileiro sonhava conhecer e viver. Isso se foi. Hoje o Rio exporta um estilo de vida de violência e desordem. Seus moradores perderam a noção de crime.
Num sábado, voltando para a cidade, pela Avenida Brasil, na altura do bairro da Penha, inadvertidamente entrei na pista da direita. Já havia sido aconselhado para não cometer esse erro. Sei que engarrafamentos em determinados locais da cidade a chance de assalto por arrastão é múltipla. Como era sábado fui vencendo a retenção de tráfego, lento, não engarrafado. No bairro de Bonsucesso, dei de cara com inúmeros jovens que aparentavam idades de 16 a 22 anos de idade. No meio da pista, ofereciam aos motoristas celulares. Havia de todas as marcas, de todos os preços e modelos. Fiquei estupefato. Em plena luz do dia. No posto de gasolina onde parei a informação veio certeira: eram ambulantes de celulares roubados. E o pior: os motoristas paravam, se informavam do preço e negociavam.
Fiquei imaginando aquela cena vista por um policial. Fiquei imaginando aqueles carros, muitos com crianças dentro, e seus motoristas. Será que não seriam eles os assaltados e que agora negociavam ali a compra do seu próprio celular roubado? Fiquei imaginando que sociedade é essa cujos membros negociam preços de produtos roubados como se estivessem num comércio regular? Fiquei imaginando se a principal razão da cidade encontrar-se mergulhada numa violência sem limites não seria aquele tipo de morador ali parado negociando preço de celular roubado. Agora querem que o Exército resolva.
20 de fevereiro de 2018
Hildeberto Aleluia
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