A Medida Provisória 814, editada por Michel Temer no penúltimo dia útil do ano, é duramente criticada pelo engenheiro e professor da Universidade de São Paulo Ildo Sauer. “A vergonha caiu do telhado. Trata-se de uma negociata por meio da qual querem vender na bacia das almas a energia brasileira”, disse o especialista, em reportagem nesta terça-feira (dia 2), na Rádio Brasil Atual.
Ildo Sauer é diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP e especializado em organização da indústria de energia e da produção e apropriação social da energia. Foi diretor da Petrobras na década passada e alerta que todo processo de privatização ocorrido no Brasil e em outros países teve como característica a oferta em preços muito baixos para os compradores, que depois passam a cobrar preços altíssimos pelos produtos e serviços.
PRÁTICA COMUM – Sauer observa que isso já aconteceu muito no Brasil, no Chile em vários países que privatizaram bens públicos. “É por isso que segundo pesquisa recente do Datafolha 70% dos brasileiros dizem ser contrários às privatizações”, diz o professor, que alerta: o controle público da energia serve justamente para impedir que a tarifação abusiva – que é o que acontece em casos de privatizações – prejudique a população, a economia e a segurança nacional
“Vendem-se ativos públicos na bacia das almas e depois os lucros privados são altíssimos, porque se altera o quadro regulatório”, afirma Sauer, acrescentando que nenhuma potência mundial privatiza suas matrizes energéticas. “Muitas usinas hidrelétricas dos Estados Unidos são operadas pelo corpo de engenharia do Exército”, diz. “E no Brasil, um governo usurpador, ilegítimo, quer se dar essa autoridade.”
A MP 814, publicada pelo Planalto no Diário Oficial da União no final de dezembro, na sexta-feira 29, altera a Lei 10.848/2004. A lei foi sancionada em 2004 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, retirando a Eletrobras do programa de privatizações criado pelo governo Fernando Henrique Cardoso. “O Congresso tem a obrigação de rejeitar essa medida, e se não rejeitar é necessário que isso seja revertido por um futuro governo”, defende o engenheiro.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Ildo Sauer é um dos mais respeitados intelectuais brasileiros. Suas teses e opiniões precisam divulgadas e discutidas. A propósito de privatizações, por exemplo, sempre lembro uma frase de um amigo de infância, o empresário Felix de Bulhões, que durante décadas presidiu a multinacional White Martins no Brasil. Disse ele: “Pior do que um monopólio estatal, só um monopólio privado…”. Félix de Bulhões é um grande brasileiro, que deixou o mundo de negócios para se dedicar à defesa do meio ambiente e à sustentabilidade. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Ildo Sauer é um dos mais respeitados intelectuais brasileiros. Suas teses e opiniões precisam divulgadas e discutidas. A propósito de privatizações, por exemplo, sempre lembro uma frase de um amigo de infância, o empresário Felix de Bulhões, que durante décadas presidiu a multinacional White Martins no Brasil. Disse ele: “Pior do que um monopólio estatal, só um monopólio privado…”. Félix de Bulhões é um grande brasileiro, que deixou o mundo de negócios para se dedicar à defesa do meio ambiente e à sustentabilidade. (C.N.)
07 de janeiro de 2018
Deu na Rede Brasil Atual
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