Nesta quarta-feira, 13, o dia não foi nada bom politicamente para o presidente Michel Temer. O Supremo Tribunal Federal, em sessão transmitida pela Globonews e pela TV Justiça, derrotou a representação do presidente Michel Temer, que pedia o afastamento do procurador geral da República, Rodrigo Janot, da ação voltada contra ele, por 9 votos a zero. Só não votaram os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes. O primeiro porque se encontrava nos Estados Unidos, o segundo por vontade própria, estava no gabinete e não quis participar.
Presume-se que o placar, se ambos votassem, em vez de 9 a zero seria de 10 a um. A derrota do Governo foi fragorosa e irrecuperável. Sobretudo, porque Rodrigo Janot encerra seu mandato do cargo no domingo próximo. Segunda-feira assume Rachel Dodge.
NOVAS DENÚNCIAS – Mas eu disse que quarta-feira foi um dia muito negativo para o Presidente da República. A derrota no STF foi precedida pela publicação de novas denúncias contra ele formuladas – manchete de primeira página de O Globo – pelo operador Lúcio Funaro, que destacou ter acertado com Joesley Batista o recebimento de 100 milhões de reais para permanecer em silêncio, portanto, não relatando os sinuosos caminhos que conduziram a estrada de mão dupla entre o poder e a corrupção. Na delação, Lúcio Funaro traçou um amplo roteiro de como se verificava a distribuição do dinheiro.
E o que o presidente Michel Temer fazia no que Funaro e a Polícia Federal sustentaram como a posição de comandante de uma quadrilha. A Polícia Federal destacou que Michel Temer era o gestor da organização criminosa do PMDB. A parte relativa a este aspecto da questão está contida em reportagem de André de Souza, em O Globo.
POWER POINT – A Polícia Federal formulou um quadro (power point) incluindo os agentes corruptos e suas ligações com o presidente da República. Surgem no primeiro plano os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha e o ex-ministro Geddel Vieira Lima.
A presença de Gedel Vieira Lima na linha de frente do esquema de suborno coloca-o ao lado de Eduardo Cunha. O doleiro Lúcio Funaro, que resolveu falar, revelou um detalhe singular: possuía e operava uma conta conjunta com Gedel Vieira Lima.
Na mesma denúncia a Polícia Federal incluiu Rocha Loures, o homem da mala noturna. E governo não conseguiu apresentar uma resposta convincente. Michel Temer apenas chamou de facínoras os delatores que decidiram colaborar com as investigações.
ALTO RISCO – O governo entrou novamente na faixa de alto risco, sinal vermelho aceso e cintilante. O som e a imagem da organização criminosa foram transmitidos intensamente a toda a população do país durante a tarde e a noite de ontem.
Escrevo este artigo ao anoitecer de quarta-feira. Na alvorada de quinta os jornais estarão reproduzindo a crise da véspera e a elevada temperatura que está atingindo registrada nos termômetros da opinião pública. Nesta altura dos acontecimentos, tão críticos eles são, que o surgimento de nova denúncia contra o presidente Temer deixa de ser formalmente importante.
Essa nova denúncia já está configurada nas telas e nas páginas da imprensa. Michel Temer não tem mais poder de evitar o desabamento, embora possa permanecer no Palácio do Planalto. Não poderá descer a planície dos fatos.
14 de setembro de 2017
Pedro do Coutto
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