"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

REFORMA ELEITORAL FAVORECERÁ GRANDES ORGANIZAÇÕES, INCLUSIVE CRIMINOSAS

Resultado de imagem para pais do futuro charges
Charge do Rico (ricostudios.blogspot.com)
Marcola e Fernandinho Beira-Mar estão convidados a se tornarem próceres políticos. Com comando em todos os Estados onde suas organizações são bem-sucedidas. E com expressivas bancadas sob sua orientação na Câmara. Não como convite, já como entrega, os evangélicos recebem as condições para compor, também na Câmara, a bancada mais poderosa como número de votos unificados. A mais propensa força a definir votações, portanto.
Essas duas inovações da “reforma política”, que melhor se chamaria reforma eleitoral, já contam com a aprovação preliminar na Câmara e têm explicação simples. Na regra há tempos adotada para compor a Câmara, o voto no candidato é contado também para o partido ou coligação de partidos.
MAIS VOTADOS – Esses votos transferidos definem o tamanho da bancada partidária. Pela fórmula aprovada na Comissão Especial de Reforma Política, já em 2018 os eleitos serão simplesmente os mais votados. Os “puxadores de votos”, tipo Tiririca, que dão aos partidos totais capazes de eleger vários candidatos, deixariam de produzir esse efeito.
Apesar disso, o novo sistema inovará para pior. Interpretado, em geral, como facilitador de reeleição das cúpulas partidárias, mais do que isso, facilitará a intervenção eleitoral de determinadas organizações. Imagine-se Marcola e Fernandinho Beira-Mar mandando seu pessoal nos Estados concentrar-se em um ou alguns candidatos.
Tanto para dar os votos da própria organização, como para votos induzidos nas comunidades sob seu controle. Nem precisam fazer os mais votados: bastará que seus candidatos sejam bem votados, para estar assegurada forte bancada na Câmara. E nas Assembleias e Câmaras Municipais.
EVANGÉLICOS UNIDOS? – As correntes evangélicas, que já praticam o voto orientado, precisarão só de melhor entendimento, quanto a candidatos em comum, para formarem na Câmara bancada ainda mais numerosa que a existente.
Não é preciso arriscar estimativas do que bancadas assim eleitas podem representar em questões problemáticas, como vários preconceitos, liberdade de pensamento e de expressão, revisões de legislação criminal, porte de arma, Judiciário, tantas mais.

14 de agosto de 2017
Janio de Freitas
Folha

Nenhum comentário:

Postar um comentário