Além do levante que enfrenta no próprio órgão que chefia e das manobras de seu vice Paulo Gustavo Medeiros Carvalho para sucedê-la, com as bênçãos do chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, como já noticiado neste blog, agora a ministra Grace Mendonça, da Advocacia-Geral da União, sofre mais um revés, ao ver um de seus desafetos assumir a pasta da Justiça.
Há menos de duas semanas, Grace foi queixar-se ao presidente da República, reclamando do protagonismo do Ministério da Transparência, então comandado por Torquato Jardim, nos acordos de leniência no âmbito da administração federal. Consta que Temer não deu nenhuma atenção para esse reclamo, até porque sua relação com Torquato Jardim é antiga e estreita.
Depois se seguiram a recusa de Grace em buscar os áudios da delação premiada de executivos da JBS no Supremo Tribunal Federal, a pedido de Michel Temer, e seu total silêncio durante todo o episódio, o que desagradou o Planalto.
ISOLAMENTO – A nomeação de Torquato Jardim para o Ministério da Justiça mostra que a ministra está, de fato, isolada e sem a confiança de Temer. Ao contrário das outras vezes, seu nome agora sequer foi ventilado para a pasta.
Na tentativa de mostrar serviço a ministra começa a blefar. Em entrevista ao jornal Valor, Grace afirmou que, no caso de eventual dano ou prejuízo para o sistema financeiro causado pela JBS, a AGU buscará a reparação do prejuízo. Será que a ministra não sabe que a AGU não tem competência para isto? É a CVM, com sua própria Procuradoria, que tem legitimidade para atuar neste caso.
Parece que a ministra tem noção de que balança no cargo, mas não tem habilidade política nem assessoria adequada para agir. Como se diz popularmente, vem colocando os pés pelas mãos. E sua pose de técnica e competente vai se esvaindo em meio ao lamaçal no qual está submerso o próprio Governo.
01 de junho de 2017
Carlos Newton
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