"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

A FICHA CAIU E O NOVO MINISTRO DA JUSTIÇA JÁ NÃO DEMONSTRA O MESMO ENTUSIASMO

O presidente Michel Temer (PMDB) dá posse ao novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, no Palácio de Planalto, em Brasília
A forte reação balançou o novo ministro
Tudo começou com uma alentada entrevista publicada domingo pelo Correio Braziliense, concedida por Torquato Jardim, que até então era um apagado ministro da Transparência. Suas respostas aos repórteres Ana Dubeux, Leonardo Cavalcanti e Rosana Hessel incluíram uma empolgada defesa do presidente Michel Temer, com argumentos jurídicos de impacto. O chefe do governo ficou tão impressionado que imediatamente convocou Torquato Jardim ao Palácio Jaburu para nomeá-lo ministro da Justiça, de uma hora para outra. O convite foi aceito, Temer sentiu vislumbrar uma luz no final do buraco negro em que está submerso e o neoministro foi imediatamente incorporado à comitiva presidencial que viajou ao Nordeste no domingo.
Empolgado com a nomeação e o assédio da imprensa, Torquato Jardim deu uma entrevista por telefone à jornalista Daniela Lima, da Folha, e anunciou que iria conversar com o presidente Temer sobre a substituição do diretor-geral da Polícia Federal, delegado Leandro Daiello, que está no cargo desde 2011 e se tornou o grande sustentáculo da Lava Jato. Ou seja, antes mesmo de assumir, o novo ministro deu um tiro no pé do governo. Falou o que não devia, deu uma gigantesca mancada e causou uma reação devastadora na internet e na mídia em geral.
IMPOSSÍVEL DESMENTIR – A entrevista foi gravada e transcrita segunda-feira pela Folha em formato de perguntas e respostas, não era possível desmenti-la nem dizer que a repórter se enganara. A repercussão na internet foi arrasadora, nas redes sociais não se falava em outra coisa. O neoministro Torquato Jardim ficou ressabiado, viu que não estava agradando e começou a baixar o tom.
No dia seguinte, terça-feira, veio o golpe fatal. O todo-poderoso jornal O Globo publicou um editorial pesado, sob o título “Polícia Federal não pode ser manipulada pelo governo“, com um subtítulo demolidor – “Nomeação de Torquato Jardim tem a intenção evidente de controlar a PF, sonho antigo de todo político envolvido em casos de corrupção“.
A ficha caiu e Torquato Jardim rapidamente baixou a bola. Percebeu que estava atirando sua biografia na lata do lixo, em troca daqueles 15 minutos de fama imortalizados pela genialidade de Andy Warhol, e lembrou que o cargo de ministro de Justiça não transforma seu ocupante em advogado de governante corrupto. Por isso, baixou o tom e mudou totalmente de postura.
DESCULPE, FOI ENGANO – Na cerimônia de posse, nesta quarta-feira (dia 31), Jardim abaixou o tom e passou a falar apenas obviedades. Para surpresa geral, elogiou a Lava Jato, depois de tê-la criticado duramente repetidas vezes. “A Lava Jato é um programa de Estado, não é coisa de governo, nem do Ministério Público”, disse o ministro. “O Brasil é institucional, não é personalista. Seja quem for, na Operação Lava Jato, na Polícia Federal, no Ministério Público Federal, o programa continuará. Ele não depende de pessoas”, completou, para surpresa do presidente Temer.
Não mais que de repente, diria Vinicius de Moraes, o neoministro caiu na real. Disse que vai “conhecer e conversar” com o diretor-geral da Polícia Federal, revelando que nesta sexta-feira, dia 2, viajará com Daiello a Porto Alegre, a convite do diretor-geral, para a posse do novo superintendente da PF. “São quatro horas ida e volta. Vai dar para conversar”, comentou.
Ainda de acordo com Torquato Jardim, seu propósito é conhecer a instituição antes de fazer mudanças, o que pode levar “dois meses ou mais”. Foi a Piada do Ano, porque daqui a dois meses Temer pode já ter saído da Presidência, retirando-se da vida pública para entrar na privada, como dizia o Barão de Itararé. E o neoministro vai junto com ele.
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PS
 – No desespero, Temer se encantou com as “tecnicalidades” jurídicas citadas por Torquato Jardim para inocentá-lo. Mas acontece que o inquérito movido contra ele é político, não apenas judicial. Processos e julgamentos podem até demorar, mas politicamente Temer já foi condenado. Tornou-se um presidente-zumbi, mais ridículo do que os personagens da insuportável série “Walking Dead”. Quando deixar o governo, Temer corre o risco de ser contratado pela emissora americana AMC, pois realmente tem vocação para interpretar filmes de terror. (C.N.)

01 de junho de 2017
Carlos Newton

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