"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

FIM DE SIGILO DE DELAÇÃO PODE FAVORECER POLÍTICOS E AMEAÇAR INVESTIGAÇÕES


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Ilustração reproduzida do site Metropoles
Ao se despedir da presidência do Senado, Renan Calheiros afirmou, da tribuna, que o fim do sigilo de investigações “sempre nos aproxima da verdade, evita manipulações e evita vazamentos”.
“A partir da ocorrência de qualquer fato, é preciso que se abra, se quebre, se derrube o sigilo das investigações”, disse o senador alagoano.
O motivo, segundo Renan, é que a população não pode ser “manipulada”. “O que infelizmente, com muitos — é evidente que não com todos—, tem acontecido no Brasil”, afirmou.
Renan discursou sobre causa própria. Alvo de oito inquéritos da Lava Jato, recebeu o apelido de “Justiça” na delação feita por Cláudio Melo Filho, ex-diretor da Odebrecht. Sob sigilo, a delação teve seu teor divulgado pela imprensa em dezembro.
PROJETO? – Campeão de citações no mesmo depoimento, 105 vezes, Romero Jucá endossou as palavras de Renan ao anunciar um projeto para acabar com o segredo das delações. “Os vazamentos são coisas que nem sempre condizem com a verdade. Melhor do que uma versão, é um fato. Que apareçam todas as coisas”, disse.
Jucá também é investigado na Lava Jato. É o “homem de frente” das negociações no Congresso, segundo a Odebrecht. Ele caiu do cargo de ministro do Planejamento do governo Temer após ser flagrado em conversa pouco republicana com um delator.
DESTRUIR PROVAS – A lei diz que o sigilo de uma delação deve ser aberto após o recebimento de denúncia. A Procuradoria-Geral da República tem interesse em acelerar a publicidade do material, mas não sem antes investigar o conteúdo dele. Conforme mostrou a Folha na quinta (2), o procurador Rodrigo Janot pretende apresentar ao STF um conjunto de pedidos de inquéritos contra políticos com foro.
A manutenção do segredo neste período pode ser interpretada como falta de transparência, mas é uma forma também de evitar que suspeitos destruam provas. Levantar o sigilo fora de hora só interessa aos deputados, senadores e ministros citados.

05 de fevereiro de 2017
Leandro Colon
Folha

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