Uma reportagem da revista “IstoÉ”, que chegará às bancas neste sábado (12), afirma que, em delação premiada no âmbito da Operação Lava-Jato, o empresário Marcelo Odebrecht revelou que o ex-presidente Lula teria recebido propina da empreiteira em dinheiro vivo.
Ainda de acordo com a publicação, os repasses teriam ocorrido quando Lula não era mais presidente, com maior fluxo entre 2012 e 2013. “Foram milhões de reais originários do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht – o já conhecido departamento de propina da empresa”, destaca trecho da matéria.
Segundo relatório da Polícia Federal divulgado no último dia 24 de outubro, Lula teria recebido R$ 8 milhões da empreiteira por suposta participação em esquemas de corrupção. A reportagem da “IstoÉ” afirma que o valor repassado a Lula, em espécie, foi providenciado pelo setor de propinas da empresa.
Na delação, Marcelo Odebrecht teria explicado que após sua prisão, no ano passado, a empreiteira teria acionado um “esquema interno de emergência” chamado de “Operação Panamá”, que consistia em promover uma varredura nos computadores, identificar os arquivos mais sensíveis e enviá-los para a filial da empresa no país caribenho. O objetivo era desaparecer com digitais e quaisquer informações capazes de comprovar transferências de recursos da empreiteira ao ex-presidente Lula.
Conforme a reportagem, Marcelo teria deixado de “resistir a entregar o petista” porque a empreiteira “mudou de planos premida pelo instinto de sobrevivência”. Após essa delação, os investigadores da Lava-Jato devem apurar se o suposto pagamento a Lula teria ligação com a operação desencadeada na última semana pela PF, a Operação Dragão.
O Ministério Público Federal aponta que os operadores financeiros Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran foram acusados de oferecer dinheiro em espécie ao sistema de corrupção e lavar mais de R$ 50 milhões para empresas investigadas na Lava-Jato.
Entre as delações de executivos da Odebrecht, Lula é citado ainda por Emílio Odebrecht, Alexandrino Alencar, ex-executivo da empresa, e o diretor de América Larina e Angola, Luiz Antônio Mameri.
A “IstoÉ” ressalta que nos depoimentos há relatos de trocas de mensagens entre Mameri e Marcelo Odebrecht com referências da participação de Lula para aprovação de projetos da empreiteira no BNDES.
Mameri teria confirmado que as interferências de Lula e do ex-ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) teriam sido decisivas para a aprovação de projetos sem nenhum tipo de checagem. Além das obras em Angola, Mameri teria citado construções em Cuba.
A reportagem também revela que, além de Lula, os depoimentos de Marcelo Odebrecht devem envolver também a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), integrantes do governo de Michel Temer (PMDB), mais de 100 parlamentares e 20 governadores e ex-governadores. Os principais partidos citados são PT, PMDB e PSDB.
Michel Temer foi citado ainda na delação premiada do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que revelou suposta operação de captação de recursos ilícitos, envolvendo Temer e o senador Valdir Raupp (PMDB-RR), para abastecer, em 2012, a campanha do então candidato Gabriel Chalita (PMDB) à a Prefeitura de São Paulo. Machado cita em sua delação mais de 20 políticos, entre eles José Sarney (PMDB), Renan Calheiros (PMDB) e Aécio Neves (PSDB).
13 de novembro de 2016
ucho.info
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