"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 9 de outubro de 2016

EMPREITEIRO SOFREU 'PRESSÃO HORROROSA' PARA DOAR NA CAMPANHA DE DILMA / TEMER



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Otavio Azevedo contou como era chantageado pelo PT














O ex-presidente do Grupo Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo – em depoimento como testemunha na ação movida pelo PSDB contra a campanha de 2014 da ex-presidente Dilma Rouseff e seu então vice, Michel Temer – afirma que sofreu pressão para repassar recursos para a chapa e que dinheiro de propina foi encaminhado como doação oficial.
O executivo disse que foi procurado várias vezes por dirigentes do PT para fazer o repasse. Segundo Otávio, poucos meses antes da eleição de 2014 e dias depois de ter doado R$ 10 milhões para a campanha da petista, ele recebeu uma “pressão horrorosa” de Giles Azevedo, um dos coordenadores da campanha de Dilma. Ele cita ainda abordagens de Edinho Silva – ex-tesoureiro do partido e eleito prefeito de Araraquara (SP) -, do ex-tesoureiro João Vaccari Neto e também do ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
— O Giles ligou e disse que é um absurdo (a empresa não ter feito doação à campanha de Dilma em agosto de 2014). Sofri uma pressão horrorosa do Giles — afirmou Azevedo em depoimento ao ministro Herman Benjamin, também do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), relator da ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
VACCARI PRESSIONAVA – De acordo com o depoimento, Vaccari teria pressionado Azevedo até mesmo em período não eleitoral. “[Vaccari] Ia lá reclamar. Várias vezes foi lá reclamar comigo de que os executivos da construtora não estavam pagando o emolumento combinado. E então, e coisa era assim: “Você procure o chefe deles. É com eles. Não é comigo. Comigo é eleição. Na hora que chegar, que tiver eleição, a gente conversa” — contou Azevedo, que afirmou que, apesar de comandar o Grupo, não se envolvia tanto na construtora.
O ex-presidente da empreiteira contou que teve de pagar propina ao PT e ao PMDB quando se formou o consórcio para construir a Usina de Belo Monte, o que ocorreu em 2008. Ele disse que ficou acertado que 0,5% de todos os projetos federais, em todas as áreas, tocados pela Andrade, ia para o PT e outro 0,5% para o PMDB. O ex-dirigente ressaltou que essa “contribuição” ocorreu até 2014.
Em 2014, a empresa teria repassado R$ 35,6 milhões para o PT e, deste total, R$ 20 milhões para o comitê da campanha de Dilma.
TAMBÉM PARA TEMER – Segundo Otávio de Azevedo, R$ 1 milhão foi doado para a campanha do vice, Michel Temer (PMDB), e R$ 12,6 milhões para a campanha de Aécio Neves. Para o PSDB, o total teria sido de R$ 32 milhões. Sobre a diferença entre o que doou a Dilma e a Aécio, o ex-presidente do Grupo Andrade Gutierraz justificou dizendo que sofria pressão dos petistas, e não dos tucanos.

09 de outubro de 2016
Evandro Éboli
O Globo

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