Em matéria publicada na revista Veja que está nas bancas, o jornalista Piter Zalis, ao apreciar o resultado das urnas de 2 de outubro, destaca ter sido uma curva à direita, o que significa colocar o tema num confronto ideológico. No Brasil, a síntese pode-se dizer reside no embate eterno entre reformistas e conservadores. Mas não foi isso que marcou a passagem do primeiro para o segundo turno.
Lula, Dilma e o PT debandaram em consequência de um grito contra a corrupção, porque a promoveram ou aceitaram que invadisse a administração pública do país. A noção essencial do direito superou totalmente a luta de classes em torno de seus interesses, no fundo, quase sempre divergentes. Quase sempre, porém convergentes no impulso de condenar a roubalheira avassaladora que abalou a economia brasileira e o próprio país.
Os eleitores julgaram esta questão. E condenaram todos os que foram autores ou coniventes. Basta ver os bens acumulados pelo elenco principal dos acusados.
MULHER DE BAIANO – Na mesma edição, por exemplo, Veja publica reportagem de Ulisses Campbell sobre Fátima Duarte que ingressou na Justiça com ação de divórcio litigioso de Fernando Soares, o Fernando Baiano. Entre os bens, uma casa em Angra dos Reis, uma lancha de 2,5 milhões de reais, um apartamento de 800 m², na Barra da Tijuca, de frente para o mar. Fernando Soares foi um dos entregadores das vultosas propinas nascidas da onda de corrupção que varreu o convés da Petrobrás.
Mas a prova mais forte de que o debate travado não foi entre esquerda e direita encontra-se no fato de não serem tocados nos debates os temas ideológicos, o que poderia ter sido natural. Mas não foram abordados. Ninguém defendeu a importância da mão livre do mercado como agente regulador da economia. Candidato algum defendeu o corte programado pelo governo Temer das aposentadorias e pensões do INSS e no serviço público.
SEM DISCUSSÃO – Tampouco surgiram nas campanhas da televisão e do rádio arautos do congelamento dos salários e da plena liberdade para os juros cobrados pelo sistema bancário. Outro fato: ninguém se apresentou como defensor de qualquer aumento de impostos.
A volta da CPMF não entrou sequer em cena. Por quê? Simplesmente porque quem levantasse tais bandeiras estaria imediata e totalmente derrotado. São enfoques conservadores, praticados, por certo, mas nunca revelados antes das urnas. Logo o embate, no final da ópera, foi entre a responsabilidade pela corrupção e sua condenação, nesta figura incluído o fantasma da impunidade.
O confronto, assim, não foi ideológico como no passado, mas moral.
DESMORALIZAÇÃO – O PT saiu das urnas desmoralizado de forma irreversível. Não foi a dúvida entre direita, centro, esquerda, que motivou os que levaram seus votos às urnas democráticas. Foi, sobretudo, um sentimento de revolta e repugnância que acionou as teclas que comprovaram a reprovação aos métodos adotados por uma verdadeira legião de corruptos.
10 de outubro de 2016
Pedro do Coutto
Lula, Dilma e o PT debandaram em consequência de um grito contra a corrupção, porque a promoveram ou aceitaram que invadisse a administração pública do país. A noção essencial do direito superou totalmente a luta de classes em torno de seus interesses, no fundo, quase sempre divergentes. Quase sempre, porém convergentes no impulso de condenar a roubalheira avassaladora que abalou a economia brasileira e o próprio país.
Os eleitores julgaram esta questão. E condenaram todos os que foram autores ou coniventes. Basta ver os bens acumulados pelo elenco principal dos acusados.
MULHER DE BAIANO – Na mesma edição, por exemplo, Veja publica reportagem de Ulisses Campbell sobre Fátima Duarte que ingressou na Justiça com ação de divórcio litigioso de Fernando Soares, o Fernando Baiano. Entre os bens, uma casa em Angra dos Reis, uma lancha de 2,5 milhões de reais, um apartamento de 800 m², na Barra da Tijuca, de frente para o mar. Fernando Soares foi um dos entregadores das vultosas propinas nascidas da onda de corrupção que varreu o convés da Petrobrás.
Mas a prova mais forte de que o debate travado não foi entre esquerda e direita encontra-se no fato de não serem tocados nos debates os temas ideológicos, o que poderia ter sido natural. Mas não foram abordados. Ninguém defendeu a importância da mão livre do mercado como agente regulador da economia. Candidato algum defendeu o corte programado pelo governo Temer das aposentadorias e pensões do INSS e no serviço público.
SEM DISCUSSÃO – Tampouco surgiram nas campanhas da televisão e do rádio arautos do congelamento dos salários e da plena liberdade para os juros cobrados pelo sistema bancário. Outro fato: ninguém se apresentou como defensor de qualquer aumento de impostos.
A volta da CPMF não entrou sequer em cena. Por quê? Simplesmente porque quem levantasse tais bandeiras estaria imediata e totalmente derrotado. São enfoques conservadores, praticados, por certo, mas nunca revelados antes das urnas. Logo o embate, no final da ópera, foi entre a responsabilidade pela corrupção e sua condenação, nesta figura incluído o fantasma da impunidade.
O confronto, assim, não foi ideológico como no passado, mas moral.
DESMORALIZAÇÃO – O PT saiu das urnas desmoralizado de forma irreversível. Não foi a dúvida entre direita, centro, esquerda, que motivou os que levaram seus votos às urnas democráticas. Foi, sobretudo, um sentimento de revolta e repugnância que acionou as teclas que comprovaram a reprovação aos métodos adotados por uma verdadeira legião de corruptos.
10 de outubro de 2016
Pedro do Coutto
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