Conforme demonstramos na edição deste sábado aqui na Tribuna da Internet, o novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, foi responsável direto por um prejuízo de US$ 1 bilhão, que a estatal petrolífera acumulou em função da alternativa adotada no governo FHC para enfrentar o apagão da energia elétrica. Parente era chefe da Casa Civil e atua como “gestor da crise”. A pedido do governo, empresários montaram as termelétricas, o lucro deles estava garantido em contrato e a Petrobras forneceria o combustível (gás ou diesel) e cobriria a diferença para assegurar a lucratividade das usinas privadas.
ESCÂNDALO ABAFADO
Dois anos depois, no primeiro governo Lula, o então diretor da Petrobras Ildo Sauer, realmente um grande executivo, nacionalista e corajoso, iniciou um processo de arbitragem dos contratos com os empresários das usinas termelétricas, que usufruíam do chamado capitalismo à brasileira, em que não há risco e o lucro está sempre garantido.
Sauer conseguiu um acordo extraordinário, que reduziu os pagamentos da Petrobras e ainda deu à estatal o direito de comprar as usinas.
Desta forma, ao invés de pagar três vezes o valor das usinas em 10 anos e acabar sem nada, conforme estava contratado, a Petrobras pagou 2,5 vezes o valor das usinas termelétricas e se tornou proprietária das unidadas. Nas palavras do próprio diretor Ildo Sauer: “Convertemos um escândalo num mau negócio”.
NOVA CRISE ENERGÉTICA
No decorrer da nova crise energética de 2012-2015, mais uma vez as térmicas foram chamadas a operar e novamente a Petrobras foi convocada a dar sua contribuição, ao fornecer combustível para geração elétrica.
Em pagamento, a estatal recebeu uma espécie de “vale” da Eletrobras, porque o governo de Dilma Rousseff não quis repassar o custo direto para os consumidores. Foi um novo rombo que se avolumou, chegando a 6 bilhões de reais (ou seja, mais US$ 1,5 bilhão de dólares de prejuízo para a Petrobras, desta vez, uma Pasadena e meia).
CONTABILIDADE DESTRUTIVA
Agora entra em cena a contabilidade destrutiva (verdadeira denominação da “contabilidade criativa” implantada criminosamente pelos governos do PT): este valor do “vale” da Eletrobrás (R$ 6 bilhões) foi contabilizado como prejuízo no balanço de 2015 da Petrobras. Quer dizer, a estatal assumiu que nunca mais iria receber este dinheiro, o que contribuiu para formar o prejuízo contábil (de papel) de R$ 35 bilhões no ano passado.
Mas o fato verdadeiramente curioso é que a Eletrobrás também contabilizou este dinheiro como prejuízo contábil, que estava aprovisionando para pagar à Petrobras os mesmos R$ 6 bilhões, vejam como a esculhambação reinava no Brasil.
FESTIVAL DE LOUCURAS
Realmente, a irresponsabilidade administrativa das estatais na Era do PT é inacreditável. Esta declaração de prejuízo contábil deu início à crise da Eletrobras, que sofre hoje com ameaças de execução de suas dívidas na corte de Nova York.
Em resumo: uma estatal jura que paga, a outra diz que nunca vai receber, e ninguém se entende nem se conversa na República da Jabuticaba.
O pior é que a solução agora proposta é privatizar a Eletrobras e “desinvestir” as termoelétricas da Petrobras. Como se diz popularmente, o marido traído, flagrando sua esposa com o amante no sofá, resolve tirar o sofá da sala. Sinceramente…
11 de junho de 2016
Carlos Newton
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