"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 25 de junho de 2016

AO FORTALECER JANOT, MICHEL TEMER BLOQUEOU A ÚLTIMA SAÍDA DOS ACUSADOS


Ao prestigiar Rodrigo  Janot, Temer deu uma lição de política







Ao afirmar não ver motivos para a saída do Procurador Geral da República – reportagem de Carla Araújo e Júlia Lindner, edição de quinta-feira, O Estado de S.Paulo – o presidente Michel Temer fortaleceu a posição de Rodrigo Janot e, por reflexo, bloqueou praticamente a última saída dos acusados pela Operação Lava-Jato de se livrarem dos processos e das prováveis condenações. A Folha de São Paulo, em matéria não assinada, reproduziu as declarações presidenciais. Inicialmente foram dadas numa entrevista à Rádio Jovem Pan e daí ganharam as páginas dos jornais, porque haviam sido apresentados no Senado surpreendentes pedidos de impeachment contra Rodrigo Janot.
Michel Temer marcou pontos no episódio, ao colocar-se ao lado, tanto faz se de forma espontânea ou forçada pelas circunstâncias, do temporal da legalidade desencadeado pelo Ministério Público, pela Justiça Federal do Paraná, jurisdição de Sérgio Moro, e também pelo Supremo Tribunal Federal.
DILMA NÃO VOLTA – Os pontos a que me refiro são os que tornam cada vez mais improvável o retorno de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto. Hipótese tornada ainda mais distante com a prisão do ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo, que foi ministro na administração Lula e se manteve no primeiro mandato da presidente reeleita.
Foi mais uma forte ducha contra o PT no curso da Lava Jato. Na medida em que atingiu, não apenas um ex-ministro, mas também marido da senadora Gleisi Hoffmann, que, vale lembrar, foi chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff.
Em matéria de insucessos, a quinta-feira foi marcante para os quadros do Partido dos Trabalhadores. Não deixa perspectiva de recuperação. Os ventos sopraram em favor de Temer, mesmo levando-se em conta a demissão de três ministros em seis semanas.
PT NÃO REAGE – Apesar de tal sequência política altamente negativa, não surgem sinais positivos do lado oposto. Pelo contrário. E é importante considerar, no meio das ondas visíveis pela opinião pública, que nem com o desastre chamado Eduardo Cunha, ponto de partida do impeachment e, portanto, da ascensão de Temer, nem mesmo assim a aceitação popular de Dilma Rousseff apresenta sinais de melhora. Encontra-se na faixa na qual sempre esteve desde o início de seu segundo mandato. O impasse permanece.
Tanto Dilma quanto Temer são impopulares. Mas o que fazer? Convocar novas eleições diretas este ano? Seria a melhor solução. Mas tal desfecho depende do Tribunal Superior Eleitoral, numa primeira etapa, e sua confirmação pela Corte Suprema, numa decisão definitiva e irrecorrível.
ANTECIPAR ELEIÇÕES? – Não funciona convocar-se novo pleito em 2017. Nesta perspectiva, pela Constituição, as eleições deverão ser indiretas, pois terá sido ultrapassado o prazo de metade do período presidencial iniciado em janeiro de 2015. Poder-se-á argumentar com a hipótese de uma reforma da Carta Magna. Improvável.
Os partidos que estão no poder com Michel Temer vão se opor forte, pois tal solução colide frontalmente com os interesses partidários. Somente uma grande mobilização popular poderia atingir esse objetivo. Mas quem a organizaria?
O PT? Não. Ele sonha com uma candidatura, a meu ver improvável, de Lula em 2018. O PSDB? Não. O sonho neste caso chama-se Geraldo Alckmin, já que Aécio Neves foi tragado pela poeira do tempo. José Serra? Não. Ele carrega a rejeição do eleitorado brasileiro à atual administração. Difícil escolher. Parece não haver saída. Pelo menos hoje. Mas na política, como em “…E o Vento Levou”, o amanhã será um outro dia.
25 de junho de 2016
Pedro do Coutto

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