"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

PREPOTENTE, DILMA NÃO QUIS OUVIR OS CONSELHOS DE COLLOR



Reprodução do Arquivo Google, sem assinatura
No início de 2012, Dilma Rousseff vivia em lua de mel com o país. Era a presidente mais bem avaliada após o primeiro ano de governo, superando Lula e FHC. A popularidade não se refletia no Congresso. Parlamentares reclamavam do estilo da petista, que ignorava os pedidos que se acumulavam no Planalto. Em março, o sistema emitiu os primeiros sinais de rebelião. O Senado rejeitou uma indicação para agência reguladora, e o PR ameaçou deixar a base porque não conseguia nomear o ministro dos Transportes. O ex-presidente Fernando Collor subiu à tribuna e fez um alerta à sucessora.
“O diálogo precisa ser reaberto. Digo isso com a experiência de quem, exercendo a Presidência da República, desconheceu a importância fundamental do Senado e da Câmara. O resultado desse afastamento redundou no meu impeachment”, disse, em tom dramático.
“Muitas vezes, até não fazemos muita questão de ter uma solicitação atendida pelo Planalto, mas precisamos de consideração e atenção”, prosseguiu o ex-presidente.
UM POTE DE MÁGOAS
Dilma não ouviu a lição de Collor. Em cinco anos no poder, barrou a aproximação de parlamentares e governou de forma imperial. Impaciente, habituou-se a deixar deputados e senadores falando sozinhos, quando não distribuía broncas como se fossem seus subordinados.
Os episódios de mágoa se sucederam, e a presidente deixou de estabelecer relações de lealdade que lhe fariam falta no futuro. “O erro da Dilma foi tratar todo mundo no coice, como fez o Collor. Na hora da dificuldade, ela pegou a bicicleta e saiu pedalando sozinha, em vez de se cercar de aliados”, me disse o deputado Heráclito Fortes, do PSB.
A ex-ministra Maria do Rosário, do PT, ouviu o rival sem discordar. “O Congresso não estava acostumado a uma figura tão austera na Presidência. Essas coisas não deviam ter importância, mas vão acabar contando muito”, ela previu. Era a véspera da votação do impeachment.
(artigo enviado pelo comentarista Mário Assis Causanilhas)

27 de abril de 2016
Bernardo Mello Franco
Folha

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