"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

LULA NÃO CONSEGUIU MOTIVAR SINDICATOS CONTRA O IMPEACHMENT DE DILMA


Lula pede radicalização nas ruas, mas está difícil ter apoio
O fato concreto sintetizado no título ficou evidente na reportagem de Cátia Seabra, edição de terça-feira da Folha de São Paulo, que destacou as reações frias dos sindicalistas, inclusive filiados à CUT, à conclamação feita pelo ex-presidente Lula aos que participaram do encontro da chamada Aliança Progressista, realizado segunda-feira em São Paulo. Lula previu muita luta se Dilma Rousseff for afastada. A profecia caiu no vazio.
Basta ler as declarações d Vagner Freitas, presidente da CUT, dizendo que ajudaria se Dilma anunciasse medidas em defesa dos trabalhadores. E aventou a remota possibilidade de uma greve geral no país. Por seu turno, Gilmar Mauro, coordenador do MST, afirmou que a dificuldade encontra-se no deslocamento das pessoas. Isso porque Lula propôs também concentração popular de grande porte no próximo domingo, primeiro de maio, na cidade de São Paulo.
Dentro de tal panorama, tornou-se clara a fraqueza da posição adotada por Luis Inácio da Silva, revestida de um sentido vago de protesto contra uma realidade inevitável que se aproxima.
NINGUÉM ACREDITA…
No fundo, ninguém acredita que Dilma Rousseff seja capaz de ultrapassar os obstáculos que tem pela frente. Tal constatação retira o entusiasmo indispensável a movimentos iguais ao colocado numa frágil pauta esboçada por Lula. O PT, de fato, perdeu as ruas ao tentar conviver com a corrupção, como se esta fosse uma componente natural e inerente à política.
Falando francamente, a corrupção, ultrapassou todos os limites e tanto explodiu o governo quanto a economia brasileira, a começar pelo tremendo abalo causado à Petrobrás. Lula, no fórum de segunda-feira, falou para uma sala cheia, certamente, mas para paredes que não lhe devolveram o eco esperado.
PRÓXIMO DO FIM
É natural que assim seja e que assim tenha sido. Quando se aproximam do fim, acontece com todos os governos, sobretudo com o atual, pelos índices de impopularidade que apresenta. Tampouco a perspectiva de retornar ao Planalto com Lula, nas urnas de 2018, não motivou os sindicalistas, especialmente pela distância de dois anos e meio que separa o hoje do futuro. Em matéria de política, esta é que é a verdade, trinta meses são uma visão de eternidade. As pontes para o amanhã costumam ser frágeis como a ciclovia do Rio. São promessas. E o povo, de modo geral, está cheio de promessas.
E O VENTO LEVOU…
É preciso, portanto, projetar-se para o hoje, com atos e não apenas palavras. Pois as palavras, o vento leva. O vento levou o governo Dilma para o fracasso. Este é o clima dominante em todos os grupos sociais, como a resposta dos sindicalistas a Lula ficou mais do que nítida na reportagem de Cátia Seabra. O quadro mudou. O PT não é mais aquele que sucedeu o governo Fernando Henrique, beneficiando-se por duas vezes do instituto da reeleição criado no país em 97 para as eleições de 98.
O PODER É EFÊMERO
Muito tempo passou e muita água rolou sob as pontes do poder. Mas o poder não é, tampouco pode se tornar uma propriedade eterna. Se assim fosse, como poderia ser escrita a história? No fundo da questão, está o povo nas praças e ruas, fornecendo a base móvel das mudanças. O PT perdeu o compasso. Sem ritmo, ficou estagnado. Como agora diante das colocações de Lula a respeito do impeachment.
O silêncio e o desânimo foram a resposta às suas palavras. O tempo passou na janela.

27 de abril de 2016
Pedro do Coutto

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