A revista IstoÉ publicou recentemente uma bombástica reportagem a respeito do delicado estado de saúde da presidente Dilma Rousseff, que vem sendo tratada com medicamentos psiquiátricos de tarja preta, indicados para esquizofrenia. E para resistir a uma situação de estresse permanente, ficando sob tensão 24 horas por dia, a chefe do governo decidiu não mais ler jornais ou revistas de informação política, também parou de assistir aos telejornais. Tenta ficar alheia aos acontecimentos, para conseguir manter o foco em seu principal objetivo – evitar o impeachment na votação derradeira do Senado, porque já tem consciência de que a abertura do processo, autorizada pela Câmara, será aceita pelos senadores, causando seu afastamento por 180 dias.
A única fonte de informação da presidente da República é hoje uma pequena sinopse feita por sua assessoria, que tenta poupá-la das informações mais destrutivas. Repete-se, assim, a mesma história do escândalo da “sinopse do Geisel”, revelada nos anos 70 por nosso companheiro Sebastião Nery, que denunciou na mesma revista IstoÉ a manipulação das informações que então eram transmitidas ao general-presidente.
AUTISMO GOVERNAMENTAL
O fato preocupante, 40 anos depois da sinopse do Geisel, é que a presidente Dilma Rousseff está sendo preservada numa espécie de autismo governamental, com a administração federal absolutamente parada e ela tentando se convencer de que ainda tem chances de se manter à frente do governo.
Com toda certeza, a sinopse do Planalto não tem informado a evolução do Placar do Impeachment, atualizado diariamente pelo Estadão. O resultado já está em 50 votos a 20, com apenas 11 indefinidos. Portanto, falta apenas a adesão de quatro senadores para decretar a cassação da presidente Dilma, que depende de 54 votos em plenário.
Os dedicados assessores também não revelam à chefe do governo que, entre os 11 indecisos, há seis senadores do PMDB, justamente o partido que vai chegar ao poder, e mais um do PP e outro do PTB, partidos que fecharam questão a favor do impeachment.
Além disso, o voto de Fernando Collor, do PTC, também é considerado certo contra Dilma, e o senador baiano Walter Pinheiro, que recentemente abandonou o PT, já anunciou que vai se licenciar em maio e será substituído por um senador do PP. E o último indeciso que resta é do PSD, que já está fechado com o governo Temer, via Gilberto Kassab e Henrique Meirelles. Não há mais chance, o jogo acabou.
DILMA DEVIA RENUNCIAR
Convém repetir que já existem 50 votos firmes contra Dilma, divulgados pelo Estadão, que deixa aberto o link para que o senador que mudar o voto saia da listagem. Dilma precisa de 28 votos para escapar do impeachment e só tem 20. Dos 11 indefinidos, o máximo com que ela poderia contar são três votos, ou seja, mesmo assim ficarão faltando cinco, a fatura está liquidada.
Mas a falsa sinopse sonega esta informação aritmética e cartesiana à presidente Dilma, a pretexto de poupá-la. Ao mesmo tempo, seus ministros e assessores ainda acenam com a possibilidade de reverter alguns votos e salvá-la da cassação. Afinal, só faltam oito… E ela acredita, é corajosa e determinada, não se rende e segue em frente, organiza manifestações de apoio em palácio, dá repetidas entrevistas dizendo que está sofrendo um “golpe”, que só existe na imaginação dos petistas.
UMA MULHER FRAGILIZADA
É uma perversidade o que fazem com ela, que está com graves problemas de saúde, não deveria ser submetida a tamanha pressão. O fato concreto, que escondem dela, é que não existe a menor chance de reversão, seu mandato presidencial será inexoravelmente cassado, é apenas uma questão de tempo, mas ninguém lhe diz o que na realidade está acontecendo.
Por interesses meramente políticos, Lula e o PT estão prolongando o sofrimento de uma mulher fragilizada, que não tem mais condições de entender a situação na qual está inserida. Como se vê, realmente há pessoas que têm uma pedra no lugar do coração.
27 de abril de 2016
Carlos Newton
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